Uma das queixas mais comuns em Gastroenterologia é a distensão abdominal (que o leigo chama de barriga inchada).
Há inúmeras causas para a distensão, e uma das causas comuns é o Intestino Irritável, nosso tema de hoje.
Síndrome do Intestino irritável pode apresentar dor em qualquer parte do abdômen (barriga), distensão abdominal, intestino preso, diarréia ou mesmo uma alternância entre diarréia e intestino preso.
Como tudo em Medicina, cada paciente se apresenta de modo particular: alguns tem mais dor, outros se queixam de intestino preso e muitos reclamam de abdomen distendido. Já recebi moças que me falaram: “Doutor, minha barriga está tão grande que parece que estou grávida”
É uma condição muito comum, tanto para o Gastroenterologista quanto para o Clínico Geral. A prevalência é de incríveis 10-20% da população mundial(700 milhoes a 1,4 bilhoes de pessoas). Mulheres são mais afetadas do que homens.
Embora o Intestino Irritável não aumente a mortalidade das pessoas afetadas, certamente afeta- ás vezes bastante- sua qualidade de vida.
Não é incomum haver dificuldades para as atividades diárias.
==== O diagnóstico exige um Médico com raciocínio clínico adequado e que conheça as apresentações clínicas da Síndrome.
==== Há critérios para estabelecer o diagnóstico, mas nenhum critério substitui um bom Médico que tenha um excelente preparo e um excelente relacionamento com seu paciente.
==== O Médico de alta qualidade deve dedicar atenção a seu paciente durante a consulta. Dados como cirurgias e internações anteriores, alergias, uso de medicamentos como laxantes, anti-espasmódicos e obstipantes, dietas, situação nutricional e emocional, antecedentes familiares de câncer de intestino entre outros devem ser pesquisados.
Não se faz tudo isso sem uma consulta detalhada.
Também não é incomum haver outras doenças digestivas associadas, por exemplo a Doença de refluxo ou a Gastrite, sem que estas sejam causadas (ou causem) o Intestino Irritável
MINHA EXPERIÊNCIA
Há pontos que quero ressaltar, baseado em 34 anos de experiência aqui e no Exterior e milhares da pessoas tratadas:
====1. a dor do intestino irritável pode acontecer em qualquer local do abdomen.
Mas é preciso saber se realmente a dor é de intestino irritável. Isso se chama DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL e um Médico de boa qualidade consegue faze-lo
O Diagnóstico Diferencial é o que permite ao bom Médico apontar, com bastante certeza qual é o diagnóstico correto. E assim, fazer o tratamento que beneficia seu paciente.
Aprender a fazer o Diagnóstico Diferencial começa ainda no curso médico. E essa arte vai sendo aperfeiçoada através dos estudos durante a carreira.
Saber se nosso paciente tem intestino irritável requer uma formação médica de alto nível, em que o diagnóstico diferencial é enfatizado. Desse modo podemos saber se o nosso paciente tem realmente intestino irritável, ou se há outro problema.
Isso é importante para poder seguir o tratamento, para nos tranquilizar e para dar confiança ao paciente e seus familiares.
==== 2. Se há perda ponderal importante, anemia ou sangramento digestivo, o diagnóstico raramente é intestino irritável
Uma consulta de alto nível verifica estes e outros sinais de alerta que nos apontam para outras causas possíveis dos sintomas. A Escola Americana chama os sinais de alerta de red flags.
==== 3. No tratamento do intestino irritável a confiança do paciente em seu Médico é um fator muito importante.
==== 4. Muitas vezes há associação entre problemas psicológicos e intestino irritável.
==== Nesse caso, se for útil ao paciente, o bom Médico o encaminhará para tratar o problema encontrado. Pode ser depressão, pode ser ansiedade, ou mesmo uma mistura das duas. Mas, se preciso, deverá ser tratada.
==== 5. Eu tive a sorte de, em quase 34 anos de prática médica aqui e no Exterior ver a evolução dos tratamentos para Intestino Irritável. Houve uma melhora considerável nos medicamentos desde quando eu era Residente, há muitos anos atrás.
Saber usa-los com sabedoria é uma arte. E exige estudo constante, bem como experiência e bom senso. Por exemplo: embora os probióticos sejam vendidos em grande quantidade para o Intestino Irritável, há poucas evidências de sua eficácia.
Por outro lado há medicamentos ainda não disponíveis no Brasil que parece ser úteis.
Um Médico experiente e estudioso saberá que modos de tratar são os mais eficazes.
CONTUDO
6. Aprendi também em todos esses anos, que no Intestino Irritável o melhor tratamento é um Médico atencioso e que infunda CONFIANÇA em seu paciente. Se o paciente tem confiança de que nada grave acontecerá, vai ter um tratamento muito melhor e mais eficaz.
Consultoria - Prof. Dr. Paulo S Lopes - CRM 56402. Médico Gastroenterologista e endoscopista.
Tem 34 anos de experiência. Recebeu Bolsa de Estudos do Governo do Japão para Doutorado na Tokyo Medical University. Fez Pós Graduação nas Universidades de Harvard e Johns Hopkins - Estados Unidos. Foi ligado também ao Centro de Prevenção do Câncer da ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, Nova Iorque. Foi Visiting Scholar em Yale. Tem Títulos de Especialista. O Dr. Paulo recebeu 5 Prêmios Nacionais. Atualmente, além de sua prática médica, dedica-se a Atividades Filantrópicas nos Estados de S. Paulo, Paraná e Nordeste.
Muito importante: Estas notas, mesmo acuradas, jamais substituirão a avaliação mé- dica. Nossa recomendação para pessoas com os problemas descritos é de serem ava- liadas por profissionais de sua confiança.Temos apenas o desejo de oferecer orientação, embora genérica.
Ao escrever, colocamos situações hipotéticas, embora comuns. Imaginamos a presença de profissionais e recursos de alto nível. Não conhecemos , contudo, em detalhe a realidade de cada município dos leitores. Quando nos referimos a médico, no masculino, referimo-nos igualmente ás médicas mulheres, só omitidas ali por questão de espaço. As opiniões sobre métodos de atendimento são pessoais, embora embasadas na Literatura Médica Internacio-nal.A scondutasseopiniões clínicastambémvem daexperiênciapessoal,mas igualmente embasadas na Literatura Médica. As figuras são retiradas da Internet.
Não recomendamos diagnósticos ou tratamentos, e muito menos profissionais por esta coluna. A informação, mesmo cientificamente acurada, é genérica e não se aplica a casos individuais. Não queremos substituir a avaliação médica atenta, individualizada e específica.