A empresária começou a produzir para consumo, mas logo viu uma nova fonte de renda
A farturense produtora e empresária Maria Fernanda Batista Mazetto Luvizon, 42 anos de idade, que é casada com Aroldo José Mazetto Luvizon, é uma dessas pessoas que começa um empreendimento quase que do nada, mas por lazer e para consumo da família, mas sendo visionária consegue transformar isso em uma fonte de renda.
Em entrevista exclusiva ao jornal Sudoeste do Estado, ela relata como começou seu negócio, como ele funciona e os planos para o futuro, além de destacar como se especializou nesse ramo de produção de queijos e derivados do leite.
Ela e seu marido Aroldo são proprietários do “Queijos da Fazenda”, que faz parte da Associação Paulista de Queijos Artesanais (APQA).
“Comecei a produzir queijos há cinco anos, meu falecido sogro criava novilhas para corte, uma delas estava prenha, e deu cria poucos dias antes do meu aniversário, então ele deu a novilha para o Aroldo e a bezerra para mim”, lembra Fernanda.
INÍCIO DAS VENDAS
Ela diz que a novilha produzia pouco leite, mas que para o consumo era bastante. “Então comecei a fazer requeijão cremoso, alguns amigos provaram, gostaram e me incentivaram a fazer para venda. Então começaram a perguntar se eu não fazia queijos, comecei a fazer alguns frescos, depois os trufados porque amo queijo com doce, acho uma combinação perfeita”, conta.
Fernanda diz que neste momento a procura por seus produtos aumentaram e ela comprou uma vaca já com sete crias, mas boa na produção de leite.
CURSOS E APERFEIÇOAMENTO
“A Sônia do Sindicato Rural de Fartura e coordenadora do Senar trouxe um curso de produção de queijos que foi feito em casa, onde aprendi com a instrutora Marta a fazer muçarela, requeijão, ricota. E em 2017, fiz um curso que foi parceria do Senar com Sebrae, ministrado pelo Mario Fumes”, destaca.
Já no ano de 2018, Fernanda foi até a cidade de Piracema, no estado de Minas Gerais, local conhecido pela produção dos melhores queijos. “Lá me especializei em fabricar parmesão, gouda, emental e outros queijos duros e com olhaduras. Também estivemos na Serra da Canastra visitando vários produtores como os senhores Zé Mario e Ivair, que são referências do queijo mineiro, não apenas por suas produções, mas também pela luta para regulamentação do queijo artesanal”, explica Fernanda.
Em 2019 participou do IV Prêmio Brasil de Queijos, em Florianópolis (SC), onde teve um dos seus produtos premiados, sendo que o “Queijo Seu João” recebeu medalha de bronze na competição. Essa iguaria tem casca lavada no vinho e recebe esse nome em homenagem ao pai de Fernanda, o senhor João Batista.
“No ano passado fiz um curso do Senar, pelo Sindicato Rural de Piraju, ministrada pela Íris Parizotto, uma instrutora com muita experiência em queijos artesanais e inovadores”, frisou.
PRODUÇÃO ATUAL
Ela conta que durante todo esse período, junto com seu esposo Aroldo foram construindo a queijaria, construindo sala de ordenha, selecionando o gado, fazendo análise de leite mensalmente, e cada seis meses exames de tuberculose e brucelose para garantir a sanidade das vacas.
“Por motivos de saúde, infelizmente precisei vender as vacas, e hoje compro leite para produção dos queijos de dois produtores que produzem leite de excelente qualidade, um da cidade de Fartura e outro de Taguai. Hoje a produção começa com a chegada do leite desses produtores. Dependendo do queijo a ser produzido acontece tipos diferentes de processos, adição de iogurte, ou fermentos lácteos, são enformados, os frescos entregues no mesmo dia de produção ou no dia seguinte, os curados ficam um tempo resfriados na temperatura de 5ºC, depois vão para uma sala com temperatura e umidade reguladas de acordo com o tipo queijo e também tempo de maturação, sendo cuidado todos os dias como uma criança que necessita de atenção”, explica.
VENDAS
Fernanda diz que as vendas hoje são feitas por encomenda, na sua chácara, e antes da pandemia também participava da Feira do Produtor Rural. “Porém a demanda diminuiu bastante dos queijos curados, e como somos do grupo de risco para Covid-19, resolvemos parar de fazer a feira por um tempo, e agora por motivos de saúde e também por que voltei a fazer faculdade ainda não voltaremos”, salienta.
CATÁLOGO DE PRODUTOS
Queijos da Fazenda conta com uma grande variedade de produtos em seu catálogo, que são: Queijo Frescal, Meia Cura, Fartura, Lua, Seu João, Caboclo (lavado no café), Fumaça (deumado), nozinho de muçarela, mantas de muçarela recheadas, purunguinhas, requeijão de corte com raspas e requeijão cremoso.
FUTURO E ESPERANÇA
“Somos pequenos produtores somente eu e meu marido Aroldo, estamos fazendo planos para criar mais uma opção de gastronomia artesanal em Fartura, no entanto nesse momento nossa energia está concentrada em superarmos um problema de saúde que o Aroldo está enfrentando, e tenho certeza que ele irá superar, assim como eu passei por um longo tratamento de Leucemia Mielóide Crônica, cirurgia nas duas mãos, ficando um longo tempo sem poder fazer os queijos”, acredita Fernanda.
Ela diz que tudo é questão de ter fé e acreditar. “Acreditar que com esforço e trabalho duro podemos ir onde nunca imaginamos, ter esperança que nossos sonhos podem se realizar, que de uma simples receita de requeijão, você pode descobrir uma vocação pela qual irá se apaixonar e sentir se realizado”, conclui.