ENERGIA SOLAR E AGRICULTURA
(Por Marcus Vinicius Garbelotti – engenheiro eletricista - professor – mestre em engenharia elétrica, em 29/10/2020)
Nestes últimos anos tem-se intensificado o uso de placas fotovoltaicas para a geração doméstica de energia elétrica, o que se tornou possível após o desenvolvimento tecnológico das células e a larga escala de produção, responsáveis pelo barateamento do conjunto de componentes necessários.
Uma instalação para geração de energia solar é constituída basicamente por placas fotovoltaicas e inversores. Estes últimos transformam a corrente contínua fornecida pelas placas em corrente alternada similar à da rede das concessionárias de distribuição, permitindo assim a alimentação de motores de indução trifásicos convencionais, por exemplo.
Os sistemas podem ser :
-“on-grid”, com interligação à rede da concessionária ou “off-grid”, isolado da concessionária e com funcionamento somente durante o período ensolarado ou também fora do período ensolarado quando auxiliado pelo uso de baterias que armazenam a carga necessária e a liberam nos períodos em que o sol não estiver disponível.
Neste caso, o custo se eleva à medida que se aumenta a capacidade de armazenamento das baterias e sua quantidade. O uso de baterias implica prever que haverá custos para substituição dessas baterias, o que ocorre em períodos mais curtos do que o das placas e inversores, já que essas baterias são relativamente similares às de automóveis, porém, do tipo estacionária.
Os sistemas podem, ainda, ser complementados com grupos geradores à Diesel, se a demanda ou necessidade exigir. Podem também ser desenvolvidos para alimentar cargas em corrente contínua, inclusive motores.
Para a agricultura a energia gerada pode ser usada em sistemas de aquecimento e secagem, refrigeração, ventilação, iluminação, alimentação de bombas e sistemas de irrigação, entre outros, mediante a instalação de sistemas de geração em áreas protegidas de animais, áreas bem ensolaradas e, preferencialmente, não agricultáveis e sobre telhados existentes.
Não se deve, porém, tratar o assunto como simples e barato, mas sim como uma possibilidade cuja viabilidade deve ser estudada caso a caso, pois, apesar de longa, a vida útil das placas e dispositivos eletrônicos de controle é finita e requer manutenção periódica, tanto para simples limpeza das placas como reparo de eventuais danos mediante conserto ou substituição de peças.
Para o aquecimento de água, ainda que o uso da energia elétrica fornecido pelas células fotovoltaicas seja possível, deve-se comparar com os sistemas de aquecimento de água pela energia solar, que podem ser significativamente mais baratos conforme o volume d’água a ser aquecido.
Há outras vantagens, além da economia, na implantação de sistemas de geração solar numa propriedade rural como, por exemplo. a disponibilização em locais remotos ou naqueles onde se revela inviável a implantação de linhas de transmissão em razão do relevo ou do baixo consumo.
Para o caso de grandes propriedades pode ser economicamente interessante a implantação das chamadas “fazendas de geração”, que são complexos de geração maiores cuja energia, se não consumida integralmente na propriedade, pode ser compartilhada com outros possíveis investidores.
Há, enfim, uma ampla gama de possibilidades para o uso da energia solar fotovoltaica, cada qual requerendo um estudo específico em função das variáveis inerentes à instalação e aos custos, que são em parte atrelados à variação da cotação do dólar, uma vez que os equipamentos são, em sua maioria, importados.