Na série de reportagens sobre a produção rural em Fartura, nesta semana o jornal Sudoeste do Estado desvendou o mundo da fruta mais tipicamente brasileira, a banana. Fazendo um paralelo com a letra do grande músico Jorge Ben, denominada “Vendedor de Bananas”, a frase “olha a banana, olha o bananeiro”, se encaixa perfeitamente com o farturense Luís André Louvison de Castro, 41 anos, pois além de produtor ele também comercializa banana na região de Itapeva.
Ele diz que a comercialização é muito rentável, mesmo na pandemia, mas a lavoura de banana está muito prejudicada nos últimos cinco anos por causa da falta de chuvas. Ele produz banana nanica e prata em quatro propriedades arrendadas nos bairros Pinheirinho, Santa Rosa e, principalmente, duas no Lageado.
‘Falta de chuva prejudica muito. Nesses últimos tempos a produção diminuiu de 30% a 40% por causa da estiagem”, comentou o produtor.
Ele produz hoje em torno de 50 mil pés de bananas (13/14 alqueires), sendo que toda a produção é realizada manualmente. “As etapas da colheita são divididas em cortar o cacho, transportar até um local para limpeza, separação das pencas, encaixotar e levar à câmara fria para climatizar, onde as bananas amadurecem para ser vendidas”, explicou.
Sua produção é vendida nas cidades de Itapeva, Nova Campina, Ribeirão Branco e Itaberá. “Falta banana na maioria das vezes, por isso sempre tenho que comprar de outros produtores para manter meus clientes”, salientou.
Segundo Luís André, durante a pandemia a produção não foi prejudicada, porém a comercialização houve uma queda, pois as feiras não aconteceram por causa das cidades fechadas, mercados tiveram que diminuir o fluxo de pessoas, com isso as vendas caíram de 40% a 50% a menos.
Mesmo assim Luís André diz que a comercialização é melhor do que a produção, tanto que seus irmãos Marcos e Roque trabalham somente com vendas em outras regiões do Sudoeste do estado de São Paulo e Norte do Paraná.
“Logística é bem definida, já tem os clientes certos, sei quanto cada um vende, tenho os dias certos e locais, saio com o caminhão com duzentas caixas praticamente vendidas. São três vezes na semana, mesmos dias e horários com os mesmos clientes. Acredito que voltando ao normal de dois anos atrás (2019), seria excelente”, destacou.
“Já o bananal tem o problema da falta de água e as geadas, que mesmo com o seguro do Pronaf, para esses problemas, o seguro não cobre. Além é claro das pragas, então quem corre mais risco é o produtor”, complementou.
Ele diz que a produção de bananas é na verdade uma paixão que começou com o seu pai, o saudoso Paulo, no início dos anos 2000.
“Meu pai já tinha o sonho de plantar banana, foi um alqueire, começou sem dinheiro com um tratorzinho, as mudas ele pegou de vizinhos e começou a produzir. Dois primeiros cortes vendeu verde para pessoas de fora, depois quis vender para as quitandas, mercados, ele com meu irmão marcos montaram primeira estufa, tinha uma Kombi na época e começou levar aos mercados em Piraju. Depois comprou um caminhão, começou comprar de outros produtores também e foi só aumentando”, comentou Luís André com orgulho.
HELCIO BICUDO
Produtor de bananas há 30 anos no bairro Guaiuvira, Helcio Bicudo, 67 anos, sempre atuou no setor de hortifrúti. “Fiz feira por 30 anos, sempre vendia produto da época, sazonal, ora milho verde, laranja e tal. Depois me especializei mais em banana”, contou.
Junto com seu sócio Vamberto Piovesan Junior, 25 anos, conhecido por Juninho, o pequeno agricultor possui uns 13 hectares com plantação de bananas nanica e prata.
Seu diferencial é a venda para o poder público, pois eles comercializam parte da sua produção para a Prefeitura de Fartura. A pandemia causou alguns transtornos na logística dessa comercialização.
“Diferença muito grande, na verdade mudança bastante complicada até a gente se adaptar. Banana não é um produto que dá pra você armazenar, da roça para o comércio, da roça para a gôndola. Passa no barracão para climatizar, mas não é um produto que permite armazenamento. Até então a gente trabalhava com PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) da seguinte forma, entregava nas creches duas vezes na semana e isso na segunda e quarta, depois da pandemia o poder público continuou pegando banana, mas uma vez por mês e numa quantidade maior, isso muitas vezes faz passar dificuldade, pois naquela semana que é bastante, caso a produção não dê, temos que comprar de outros produtores”, explicou Bicudo.
Ele diz também que vende para mercado e quitandas, como também em outras cidades, mas devido ao aumento do combustível, essas vendas não estão mais tão rentáveis. Já o cultivo na roça, Bicudo e Juninho dizem não ser tão difícil e primam por bananas naturais sem agrotóxico.
SINDICATO RURAL
Presidente do Sindicato Rural e ex-prefeito de Fartura, Zé da Costa acompanhou a reportagem na propriedade de Bicudo e ressaltou que trouxe aos produtores treinamento, capacitação e cursos para diversas culturas, entre elas o cultivo da banana.
“Sindicato no início ofereceu cursos de como implantar, como conduzir, qual forma de adubação. Nós buscamos estar perto auxiliando, informando e capacitando para que o produtor possa ter melhor condução e resultados, para permanecer no campo”, frisou.
Jovem na idade, mas experiente no campo, Juninho finalizou dizendo que: “Não usamos nada de veneno, agrotóxico, só adubo e esterco, quanto mais natural melhor”.
JURANDI DOGNANI
Produtor e ex-prefeito de Fartura, Jurandi Dognani, 79 anos, iniciou sua saga como produtor de banana em 1989 em seu sítio no bairro Guaiuvira. Hoje ele tem um bananal há mais de dez anos em uma propriedade no bairro Caieiras.
Ele comenta que nos últimos tempos a comercialização de banana caiu bastante.
“Estamos lutando para tentar sobreviver, pois na realidade a banana nos últimos tempos tem tido preço muito mal remunerado. Não da pra fazer venda direta por que é pouco e não dá para juntar dez proprietários devido à dificuldade de se organizar em cooperativa é muito grande”, disse o experiente produtor.
Ele produz a banana nanica ou “nanicão”, que é uma muda preparado em laboratório. Como todo o produtor, após a colheita, a sua produção vai para climatização para depois ser vendida. Ele comercializa a maioria de suas bananas para o produtor e comerciante Luís André, do início da reportagem, e seus irmãos Roque e Marcos.
O diferencial da plantação de Jurandi são os cachos na bananeira que ficam ensacados. “Quando está sol quente o plástico protege de pássaros fazer ninho, como também protege raios solares que queimam a fruta. Também a ventania, a banana sofre modificação que dificulta o amadurecimento”, argumentou Jurandi.
Sobre o problema da falta de chuva, Jurandi finaliza trazendo uma solução: “Banana gosta de muita água, então a possibilidade de irrigação eu tenho certeza que daria mais lucro que café. Dificuldade de água, de montar irrigação, isso dificulta muito. Outro problema é a demanda ser maior que a produção, se formasse uma cooperativa poderia ser organizado outro sistema e ter mais vantagem”.
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