Na segunda-feira, 26 de julho, um tumulto aconteceu na Prefeitura Municipal de Fartura no final da manhã, e gerou polêmica no município após divulgações na imprensa da versão da funcionária pública, Lilian Antunes, envolvida na ocorrência. Ela afirmou ter sido agredida pelo prefeito Luciano Filé verbalmente e seu pai fisicamente, além de se dizer perseguida pela atual Administração. Nesta edição, o jornal Sudoeste do Estado traz com exclusividade a versão de Filé sobre os fatos. Acompanhe a entrevista com o chefe do Poder Executivo de Fartura:
Sudoeste do Estado – Qual sua versão sobre o que aconteceu?
Luciano Filé: Primeiramente gostaria de agradecer ao Jornal Sudoeste do Estado, único órgão de imprensa que, de forma efetiva, me concedeu espaço para que pudesse apresentar a minha versão sobre o ocorrido na manhã de 26 de julho, no Gabinete da Prefeitura Municipal.
Gostaria de deixar claro à população farturense e a quem mais interessar que recebi uma criação baseada em valores morais e éticos de uma mulher muito simples que é a minha mãe, Nair, empregada doméstica, que me ensinou a respeitar e tratar as pessoas com civilidade e educação. Todas essas informações divulgadas por alguns órgãos de imprensa e nas redes sociais são distorcidas e, de forma leviana, estão sendo levadas para a opinião pública, pois jamais agrediria qualquer pessoa, muito menos uma mulher, servidora pública e mãe de família.
Na manhã do dia 26 de julho, estava no Gabinete da Prefeitura, despachando com Carlos Magno, Chefe de Gabinete, quando este recebeu uma ligação de uma colaboradora da Coordenadoria de Indústria, Comércio e Emprego, informando que a servidora Lilian Antunes estava desacatando e ofendendo o Coordenador da pasta e vice-Prefeito, Pedro Langeli.
A colaboradora, então, solicitou a presença de Carlos, tendo em vista que a situação havia fugido do controle. “Imediatamente ao saber do ocorrido, solicitei à Carlos que fosse até o local para apurar o que estava de fato acontecendo”, enfatiza. Antes mesmo do Chefe de Gabinete se dirigir ao setor, a funcionária Lilian chegou na Prefeitura e solicitou ser atendida por mim.
Como havia várias pessoas para serem atendidas, solicitei que ela aguardasse por alguns minutos, e, na mesma hora, pedi para que o responsável pelo setor, Pedro Langeli, subisse até à Prefeitura para que, juntos, pudéssemos esclarecer o que de fato estava acontecendo e tomar as devidas providências. Durante a espera da funcionária no saguão de entrada, pessoas que ali aguardavam relataram que a servidora começou a proferir frases como: “vim falar com este prefeito sem vergonha, esse prefeito é bandido, não vejo a hora desta Administração acabar”.
Pouco antes de atendê-la, recebi uma ligação de uma das pessoas que aguardavam na recepção, informando que o pai de Lilian, Saulo Antunes, havia chegado por solicitação dela. A pessoa me alertou que Saulo dizia: “hoje eu não saio daqui sem dar um murro na cara deste prefeito, o prefeito é um sem vergonha, cafajeste, não tenho nada a perder, vou acertar as contas com este prefeito e, se for preciso, dou um soco na cara dele”. Mesmo diante dessas ameaças, não descartei atender a servidora. Apenas solicitei ao Chefe de Gabinete que informasse à Saulo que, por se tratar de uma questão administrativa, não poderia entrar naquele momento, mas que o atenderia, como já fiz outras vezes, como cidadão, em qualquer outra ocasião.
Após Saulo ser informado que deveria aguardar e que a servidora poderia entrar, os dois invadiram de forma brusca o Gabinete, empurrando Carlos. Durante a ocorrência, estavam presentes no Gabinete o vice-Prefeito, Pedro Langeli, e sua assessora; o Chefe de Gabinete, Carlos Magno, Lilian e seu pai, Saulo.
Saulo, que chutou a porta para entrar, falava frases como: “não saio daqui, quero ver se tem homem para me tirar daqui”. Quando ouvi isso respondi: “Saulo você sempre será bem-vindo à Prefeitura, mas essa é uma questão administrativa que devemos tratar com a sua filha. Saulo reforçou: “não saio daqui quero ver se tem homem para me tirar”. De imediato respondi que ninguém iria tirá-lo, então, do Gabinete, colocando uma cadeira ao meu lado para que ele se sentasse. Da mesma forma fiz com a servidora, que gritou dizendo que não iria sentar.
Logo que se sentou, o pai da servidora começou a disparar frases como: “você não é homem, você não tem palavra, está perseguindo a minha filha. Você é safado”. Neste momento, Pedro e Carlos perceberam que o pai fechava o punho para iniciar uma possível agressão física, então se levantaram às pressas de suas cadeiras, se posicionando entre nós. Saulo se levantou e me chamou de bandido, foi quando disse à ele que sempre o respeitei e que não aceitaria ser ofendido dentro de meu Gabinete. Saulo pegou um calhamaço de folhas e arremessou em minha direção, atingindo Carlos que, junto de Pedro, tentaram contê-lo. Me dirigi à servidora e disse: “seu pai não merecia estar passando por isso e nada disso estaria acontecendo se ao invés de você estar enchendo o saco no Gabinete, estivesse no seu departamento trabalhando”.
Foi quando a servidora me perguntou aos gritos: “você está me chamando de vagabunda?” e virou para seu pai, que estava afastado, e afirmou: “olha pai, ele está me chamando de vagabunda”. Saulo, que estava nervoso desde o início da conversa, quando ouviu essas palavras de sua filha, ficou totalmente descontrolado, proferindo ofensas e querendo partir para a agressão física, necessitando ser contido por outras pessoas que entraram na sala ao ouvir a gritaria.
Enquanto seu pai estava sendo contido, a servidora tentou me agredir fisicamente e gritava que eu era safado, ladrão e corrupto. Permaneci no canto da sala, distante dos dois. Durante a confusão, Saulo disparou frases contra minha honra, fazendo ataques à minha vida pessoal. Neste momento, me exaltei e gritei dizendo: “lave a sua boca para falar de mim, eu sempre te respeitei e exijo respeito”.
Ao ser retirado da sala, Saulo ainda disparou frases como “eu vou matar você nem que eu seja processado, vou acabar com sua vida, seu filho da p...”.
Permaneci no Gabinete até que os dois fossem embora e, em seguida, liguei para meu procurador jurídico particular, pedindo orientação de como deveria proceder. Então, me dirigi à Delegacia de Polícia Civil para lavrar o Boletim de Ocorrência.
Sudoeste do Estado - Você estava perseguindo a funcionária?
Luciano Filé: Como Prefeito jamais adotaria a prática de perseguir qualquer servidor. Tanto não a persegui, que, inclusive, a beneficiei concedendo-lhe, no início de minha gestão, uma gratificação paga mensalmente à mesma, a qual ela nunca havia recebido desde sua admissão.
Também, importante destacar que é falsa a alegação da funcionária de que seria retirada da função do Posto de Atendimento ao Trabalhador e Empreendedor (PATE), pois em nenhum momento afirmamos isso para ela. Nossa intenção era qualificar outra colaboradora para que ficasse disponível para a mesma função de Lilian quando esta tivesse que se ausentar do serviço. Essa decisão foi necessária, pois Lilian estava afastada de sua função desde o final do mês de maio, por motivos de saúde, férias e folgas por ter trabalhado na última eleição, o que ocasionou o fechamento do PATE por quase dois meses.
Sudoeste do Estado - Por que você a tirou da função de Controladora Interna?
Luciano Filé: Decidimos fazer a troca da função de Encarregado do Controle Interno, pois, analisando os pareceres do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, desde o exercício de 2018, ocasião em que Lilian foi designada para esta função, havia vários apontamentos sobre deficiências no setor e falhas na execução das funções do Controle Interno. Por este motivo decidi fazer a troca, colocando para exercer esta função uma servidora, também do quadro efetivo da Prefeitura, com formação de nível superior em Direito, conforme recomendação do próprio TCESP, que recomenda para o Controle Interno a formação de nível superior em Administração, Direito, Ciências Contábeis ou em outras áreas relacionadas. Desta forma, Lilian retornou para a função que exercia antes de assumir a Controladoria Interna na gestão passada.
Sudoeste do Estado - Você é acusado de agressão verbal, qual sua versão?
Luciano Filé: Me chateia ver pessoas comprando uma história mentirosa de órgãos de imprensa que nem ao menos me procuraram para ouvir minha versão e já me condenaram como agressor e descontrolado. Tenho muito respeito pela função que exerço e sei da minha luta para chegar aonde cheguei, só não posso admitir ser ofendido da forma que fui no meu local de trabalho. Foram acusações sem fundamento e xingamentos que não fazem parte da minha vida, por esses motivos já estou adotando todas as providências legais junto ao Judiciário.
Sudoeste do Estado - Qual será o procedimento no sentido administrativo referente à funcionária?
Luciano Filé: Iniciaremos um processo administrativo disciplinar para averiguar a conduta da servidora, que agiu de forma incompatível com a sua função, incorrendo em condutas proibidas legalmente no exercício da função pública.
Sudoeste do Estado - Qual recado quer deixar à população farturense sobre o que aconteceu?
Luciano Filé: Gostaria de dizer, a toda população farturense, que Fartura tem um prefeito sério, responsável e que trabalha muito para fazer essa cidade se desenvolver, mas que, muitas vezes, percebe pequenos grupos de pessoas antecipando o processo eleitoral de 2024 desnecessariamente. Não estou pensando em eleição, estou pensando em administrar para todos e fazer com que Fartura seja referência no Estado.