Em meu último artigo, fiz questão de destacar a importância das eleições municipais e, mais especificamente, da elaboração de um projeto de desenvolvimento regional para o sudoeste paulista. Desta vez, gostaria de me aprofundar mais no tema, sobretudo no que se refere ao desenvolvimento socioeconômico.
Não basta que a economia retome seu crescimento e que empregos sejam gerados se não houver um conjunto de ações no campo social que sirva de alicerce para esse crescimento. Se não tivermos, por exemplo, bons serviços públicos de educação e saúde, adequadas condições de infraestrutura, habitação e assistência social, dificilmente teremos trabalhadores capazes de ganhar remunerações justas e condizentes com suas funções. Muitas vezes se aproveita da má qualidade de vida do trabalhador para desvalorizá-lo e, por consequência, retirar o lucro máximo daquilo que ele pode produzir. Essa é a lógica do sistema de produção vigente. Para atenuá-la, portanto, é preciso dar condições ao trabalhador de valorizar o seu trabalho e, para isso, só o conhecimento não é o bastante - se assim o fosse, alguém discordaria que os professores deveriam ser os profissionais mais bem pagos do mercado de trabalho?
A efetivação de direitos sociais, alguns dos quais eu já citei, é imprescindível para a valorização do trabalhador e do trabalho. A construção desses direitos é parte de um processo histórico que culminaria naquilo que ficou conhecido como Estado de Bem-Estar-Social. Hoje, já não se fala mais nisso. Fala-se, mais e mais, na necessidade de reduzir as atribuições do Estado, diminuir gastos e transferir responsabilidades para a iniciativa privada. Esse é, sem dúvida, um ponto de calorosos debates. Contudo, é fato que essa realidade transitória entre a perda de antigos direitos sociais e a consagração de novos direitos, explicitada nas reformas trabalhista e previdenciária já tem dado muito o que falar e, mais uma vez, tende a prejudicar a população em situação de vulnerabilidade.
Portanto, não se trata aqui de defender o arcaísmo de determinadas questões sociais cujos direitos já estão consagrados. Mas de defender o que se encontra sob ameaça em nome do crescimento econômico sem a garantia de qualidade de vida e, principalmente, inclusão social. Um país se desenvolve de modo sustentável, cria uma economia forte, quando as disparidades regionais são combatidas, as desigualdades sociais são minoradas e a população tem oportunidades iguais de acessar os serviços públicos e o mercado. É esse tipo de projeto desenvolvimentista que devemos defender, pois todos contribuem como podem e participam como devem.
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