Trechos de um vídeo mostram o último salto do paraquedista Andrius Jamaico Pantaleao, de 38 anos, antes do acidente fatal registrado na manhã de terça-feira (19), em Boituva (SP), no interior de São Paulo. O paraquedista morreu após cair sobre o telhado de uma casa.
As imagens foram gravadas por uma câmera que estava acoplada a um instrutor de saltos e divulgadas pela Polícia Civil em uma representação judicial, que pede a proibição imediata de lançamentos e voos nos centros urbanos da cidade. Nas fotos, é possível ver o paraquedista em queda livre.
O acidente aconteceu na Rua José Scomparim, no Jardim Hermínia. Segundo a polícia, Andrius atingiu o telhado da casa e colidiu contra o solo em alta velocidade.
À TV TEM, o morador do imóvel atingido, Celso Benedito Cardoso, contou que estava saindo de casa para fazer uma faxina quando ouviu um estrondo. Ele reclamou das rotas utilizadas pelos atletas para a prática do esporte e classificou o episódio como "tragédia anunciada".
Dono de casa atingida por paraquedista que morreu reclama de rota de saltos: 'Tragédia anunciada'
Questionada sobre a reclamação, a Associação dos Paraquedistas de Boituva alegou que normalmente os saltos não são realizados nos centros urbanos.
Considerando os riscos, a Polícia Civil afirma que a proibição imediata de lançamentos e voos nas regiões urbanas é imprescindível para evitar novas mortes e atenuar a probabilidade de elas ocorrerem em Boituva. A medida prevê ainda multa e até a suspensão das atividades do Centro Nacional de Paraquedismo.
"Estamos diante de uma conduta que coloca em risco os munícipes da cidade, já que se algo der errado pessoas, equipamentos ou até aviões podem cair em cima de residências, comércios, prédios públicos, prefeitura, fórum, escolas, ou seja, em qualquer lugar, tornando iminente e grave o risco a todos. Se a vítima tivesse caído em cima de uma escola, poderiam ser mais vítimas", pontua o delegado responsável pelo caso, Emerson Jesus Martins.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) confirmou que recebeu a representação e que ela foi distribuída à 2ª Vara de Boituva. O Ministério Público também disse que analisa o caso através da Promotoria de Justiça de Boituva.
Paraquedas não abriu?
A Polícia Civil está investigando as causas do acidente que matou Andrius Jamaico em Boituva. Segundo a Polícia Civil, os policiais constataram no local da queda que não houve a abertura total do equipamento da vítima e que, antes de cair, o paraquedista girou várias vezes no ar.
"Pelo que a gente viu no local, não houve a abertura total do equipamento, ou até não abriu nada, nenhum dos dois velames, nem o reserva, nem o principal. Mas isso é difícil dizer, porque ainda vai ter que ser feita uma perícia para entender o que de fato aconteceu", afirma o delegado Emerson Jesus Martins.
Para o presidente da Associação de Paraquedistas, o acidente aconteceu porque o aluno não utilizou a "regra dos cinco segundos", que diz que o atleta deve abrir o paraquedas imediatamente se não ficar estável no ar dentro do período estipulado.
"A gente acredita que o aluno perdeu a estabilidade em queda livre e, em vez de acionar o paraquedas, ele ficou brigando para tentar recobrar a estabilidade.
O dispositivo de acionamento automático funcionou, liberou o paraquedas reserva, porém, no processo de abertura, pelo paraquedista estar girando, ele acabou enroscando no corpo dele e interrompendo o processo de abertura", explica Marcelo Costa.
Andrius foi enterrado na quarta-feira (20), em Diadema (SP), onde morava. Segundo a associação, ele estava com a documentação em dia para praticar o esporte e saltou acompanhado de um instrutor devidamente habilitado.
A Prefeitura de Boituva lamentou a queda e disse que servidores da Secretaria de Administração acompanharam os trabalhos do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e da perícia.
A Confederação Brasileira de Paraquedismo (CBPq) também prestou solidariedade à família e ao clube da vítima, e se colocou à disposição para auxiliar na coleta de informações e analisar as causas do acidente.
Já o WOW Paraquedismo, clube do qual a vítima fazia parte, não se pronunciou sobre o caso até a publicação desta reportagem.
Fonte: G1 Itapetininga e Região