Muitos me perguntam se pimenta leva a hemorróidas, ou se determinado produto elimina as hemorróidas.
Milhões de pessoas são afetadas por hemorróidas, embora nem todos venham a ter sintomas ou complicações. Como as hemorróidas se relacionam a obstipação (intestino preso) e este é muito comum, é fácil entender por quê tantas pessoas são afetadas. Abordo o tema, que é polêmico, com dados do NIH e de minha prática clínica.
Na segunda parte da Coluna, falo sobre atendimento médico de alta qualidade. Hoje explico sobre tendências importantes, sempre elogiadas pelos especialistas internacionais.
1 - O que são hemorróidas, e por que acontecem?
De acordo com a definição do NIH americano, hemorróidas são veias “inchadas”(ou inflamadas) ao redor do ânus. As hemorróidas podem ser internas ou externas. Cada tipo traz sintomas (e evolução) diferente.
Não se sabe exatamente o que causa as hemorróidas. Mas sabe-se que são mais comuns em pessoas com intestino preso (obstipação), especialmente se há esforço ao evacuar. O consumo de pimenta não leva a hemorróidas.
2 - Quais os sintomas?
A maior parte das pessoas não tem sintomas. No caso das hemorróidas externas, pode haver coceira anal, sensação de peso no ânus ou “caroços” anais. Contudo, a coceira anal pode ter inúmeras outras causas.
Hemorróidas podem sair do ânus sem causar dor. Daí há 3 possibilidades - retornam sozinhas, retornam com manobras ou ficam sempre fora do ânus.
Hemorróidas internas podem levar a sangramento. Entretanto nem todos os sangramentos de intestino são causados por hemorróidas. Sangramentos merecem a devida atenção, especialmente em pessoas de mais idade.
Quando as hemorróidas prolapsam (saem) e se inflamam e há dor. Em casos de trombose hemorroidária a dor pode ser intensa e requerer tratamento imediato.
3 - Como é feito o diagnóstico?
O médico(a) deve fazer um histórico detalhado, sabendo as condições de funcionamento do intestino, uso de laxantes, sangramentos, etc. O exame proctológico, com toque, anuscopia e/ou retosigmóidoscopia permite a visualização e o diagnóstico adequado. Se é preciso estudar outras regiões do intestino grosso, pode-se fazer a retosigmóidoscopia flexível ou colonoscopia.
Não se pode esquecer que embora as hemorróidas causem parte considerável dos problemas ano-retais, nem todos eles são causados por hemorróidas.
4 - E o tratamento? Precisa operar?
Numa condição que pode ser complexa como as hemorróidas, aplica-se mais do que nunca a máxima do grande Osler: o bom médico trata da doença, mas o grande médico trata do doente. Como sempre, o tratamento é personalizado.
5 - E o creme milagroso que vi na TV. Funciona?
Infelizmente não. Só acredite em diagnósticos e tratamentos comprovados pela Medicina.
No excelente livro de Propedêutica Médica de Ramos, um clássico em nossas Escolas, o autor fala que os exames devem ser pedidos a partir de um raciocínio clínico seguro e sólido. E como conseguir isso? Precisa atenção ao quadro clínico. Para isso é necessária uma Anamnese (Histórico) detalhados, bem como um exame físico de qualidade. Isso traz os dados, que levam ao raciocínio clínico de alto nível. E é o raciocínio clínico de qualidade que aponta que exame fazer, o que beneficiará o paciente.
Para conseguir isso é fundamental a atenção ao paciente. O é preciso o estudo detalhado da dor, queimação, desconforto, náuseas, empachamento ou qualquer outro sintoma trazido ao médico.
É óbvio que outros fatores como hábitos, alergias, uso de medicamentos e história familiar enriquecem e completam o raciocínio clínico. Por exemplo, é fundamental saber se houve casos de câncer digestivo na família, pois alguns deles ocorrem em várias gerações de uma só família. E o mais importante: têm prevenção.
De fato, é impossível fazer um raciocínio clínico bem feito sem estudar esses fatores. Sem isso, o raciocínio ficará incompleto.
Contudo, as vezes os pacientes admiram quando nas nossas consultas verificamos dados que são básicos. Por exemplo, o uso de medicamentos. Também as internações e cirurgias anteriores. Esses fatores levam ao o atendimento personalizado, que tanto elogio.
Também fazem parte do atendimento centrado no paciente, que é aplaudido por Escolas Médicas Internacionais.
Esse atendimento vê o paciente, não a doença, como centro de interesse do Médico. Esse método personaliza o atendimento. A doença não é mais o principal. O médico coloca o paciente (e sua família) como prioridade.
Hoje o atendimento centrado no paciente é considerado por especialistas internacionais o mais promissor método de cuidados médicos. Mas, como insisto aqui, o atendimento centrado no paciente e personalizado requer atenção e interesse pelo Médico.
Infelizmente ouço nas minhas Atividades Humanitárias relatos de médicos que fazem a consulta sem ao menos olhar o paciente. Isso é triste e assustador. O motivo de nosso trabalho é o paciente.
A atenção e o interesse levam á confiança do paciente no Médico. Daí haverá uma aliança. Forma-se uma integração entre Médico e paciente (e muitas vezes familiares) onde todos contribuem para a obter a Saúde.
Consultoria - Prof. Dr. Paulo S Lopes- CRM 56402. Médico Gastroenterologista e endoscopista. Tem 33 anos de experiência. Recebeu Bolsa de Estudos do Governo do Japão para Doutorado na Tokyo Medical University. Fez Pós Graduação nas Universidades de Harvard e Johns Hopkins - Estados Unidos, Foi ligado também ao Centro de Prevenção do Câncer da ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, Nova Iorque. Foi Visiting Scholar em Yale. Atualmente se dedica a Atividades Humanitárias em S. Paulo, Bahia, e Paraná, além da prática clínica.
Muito importante: Estas notas, mesmo acuradas, jamais substituirão a avaliação médica. Nossa recomendação para pessoas com os problemas descritos é de serem avaliadas por profissionais de sua confiança.Temos apenas o desejo de oferecer orientação, embora genérica.
Ao escrever, colocamos situações hipotéticas, embora comuns. Imaginamos a presença de profissionais e recursos de alto nível.Não conhecemos , contudo, em detalhe a realidade de cada município dos leitores. Quando nos referimos a médico, no masculino, referimo-nos igualmente ás médicas mulheres, só omitidas ali por questão de espaço .As opiniões sobre métodos de atendimento são pessoais, embora embasadas na Literatura Médica Internacional. A s condutas s e opiniões clínicas também vem da experiência pessoal ,mas igualmente embasadas na Literatura Médica. As figuras são retiradas da Internet.
Não recomendamos diagnósticos ou tratamentos, e muito menos profissionais por esta coluna. A informação, mesmo cientificamente acurada, é genérica e não se aplica a casos individuais. Não queremos substituir a avaliação médica atenta, individualizada e específica.
Contato com a coluna: abea.filantropia@gmail.com
Por motivos Éticos não opinamos sobre casos individuais muito menos comentamos sobre condutas de outros profissionais.