Ao invés de abordar uma só doença hoje, tento responder algumas perguntas que me fazem todos os dias, seja nas atividades em S. Paulo, seja nas atividades de Caridade. Fico contente em perceber que a cada dia que passa há mais pessoas interessadas em Prevenção de câncer, em qualidade de vida e em Medicina de alto nível. Então seguem as perguntas e as respostas que se baseiam na minha experiência médica que felizmente já se aproxima dos 34 anos, e abrange algumas Universidades bem conhecidas. Mas ressalto que os que estão sob cuidados de outro médico(a) devem seguir as recomendações deste.
1. Precisa seguir uma dieta muito rigorosa para tratar do refluxo?
A doença de refluxo (DRGE) que abordei em várias Colunas aqui é recidivante. Volta frequentemente após o tratamento.
As dietas para essas doenças são úteis.
Mas a dieta muito restrita, com muitas “proibições” e pouca variação pode ter efeito contrário.
Há médicos que proíbem uma lista grande de alimentos. É a sua conduta, e deve ser seguida pelos seus pacientes.
Minha opinião é que a dieta deve se adaptar a cada paciente
Acho que proibir alimentos “para sempre” ou dar uma dieta excessivamente rigorosa pode ser contraprodutivo. Minha conduta pessoal é adaptar a dieta a cada paciente, personalizar ao máximo e seguir as inclinações de cada pessoa. Entendo que uma dieta personalizada e medicamentos adequados são uma ótima maneira de fazer o tratamento da maioria das doenças.
Geralmente sou relativamente liberal, e entendo que em certas situações é quase impossível não sair da dieta. Pessoas que trabalham quase sempre tomam café nos intervalos. Então, a sua dieta deve ser ajustada. A dieta se adapta ao paciente. Mas ressalvo de novo que cada médico tem sua conduta, e que esta deve ser seguida .
2. Quem tem o H. pylori está mais predisposto ao câncer de estômago?
Sim. Recentemente um grupo de estudos coreano confirmou que as pessoas que tiveram um parente próximo com câncer de estomago estarão fazendo prevenção se tratarem o H. pylori. Claro que para saber se há casos de câncer de estomago na família o médico tem que perguntar essa informação. E isso é muito útil.
Mas o câncer de estômago é multifatorial.
3. O médico precisa saber sobre as pessoas que tiveram câncer gastrointestinal na minha família?
Para ter uma consulta de alta qualidade devemos ter uma avaliação dos Antecedentes Familiares, que incluem câncer de estômago e intestino.
O bom Médico deve incluir a História Familiar em sua avaliação.
O câncer de intestino é o segundo mais comum em homens e mulheres. Mas pode ser previnido. Todos devem fazer prevenção após os 50 anos, mesmo sem sintomas. E quem tiver parentes próximos (mãe, pai, irmãos) com câncer de intestino, também deve fazer prevenção, de acordo com a orientação de um bom Médico.
4. Se eu tenho gastrite vou ter que tomar Omeprazol para sempre?
A maior parte das gastrites é causada pela bactéria H. pylori. Assim é muito importante saber se existe essa bactéria. Se existir o H. pylori este deverá ser tratado. Muitas vezes medicamentos como os IBPs(omeprazol, pantoprazol, dexlansoprazol) são usados por algum tempo após a erradicação do H. pylori. Já as gastrites por outras causas(como anti-inflamatórios, corticoides, etc) tem outro tratamento. Um bom médico(a) saberá o que usar em cada paciente. E todo paciente é diferente.
5 . Eu tenho intestino preso e fiquei com hemorroidas. Sempre precisa operar?
A maior parte dos portadores de hemorroidas não tem sintomas, ao contrário do que muitos pensam. Nesses casos, a maioria dos pacientes poderá ser acompanhada clinicamente. Mas o bom Médico saberá quando a cirurgia pode ajudar seu paciente. Cada caso é diferente. Cada pessoa evolui de modo diferente.
6. Que dados são importantes para uma boa consulta em Gastroenterologia?
Uma consulta de qualidade deve trazer ao Médico um raciocínio clínico que leve a um diagnóstico e a um tratamento de sucesso. A História Clínica é fundamental.
clínico bem feito. E com isso se chega ao diagnóstico correto e ao tratamento de sucesso.
Se o médico souber dados importantes como uso de medicamentos, internações e cirurgias anteriores, alergias, doenças concomitantes, hábitos como fumo e álcool e história familiar, poderá ter um raciocínio clínico completo e adequado. Esse raciocínio clínico é sempre personalizado para cada paciente. Não existem casos idênticos. É isso que torna a Medicina tão fascinante. Os Médicos antigos, sempre sábios, já falavam disso: cada caso é um caso.