Tenho usado este espaço para falar de cidadania. Escrevo semanalmente para alertar sobre a importância de termos consciência de nossos direitos e nossos deveres. Nesta semana, no entanto, lanço uma provocação: o que nós, de fato, queremos para nossos municípios?
Antes de responder a essa pergunta, temos que fugir do óbvio. O mundo ideal está longe de existir. Temos que seguir a trilha do que é possível, viável. Ao optar por esse caminho, entendo que fica mais fácil, inclusive, exigir maior responsabilidade dos agentes políticos em suas promessas, seus programas de governo.
Não serão quatro anos o tempo suficiente para produzir transformações radicais na realidade dos municípios. Por isso, é preciso saber o que cobrar, como cobrar.
Nós estamos vivendo uma crise econômica sem precedentes, motivada pela condução equivocada da política econômica e, sem dúvida alguma, pela pandemia. Isso significa que os municípios estão vivendo com a “corda no pescoço”. Ou seja, arrecadações despencaram, despesas se multiplicaram e o dinheiro não veio. Aliás, o dinheiro tem perdido mais e mais valor. O custo de vida se eleva e, por consequência, o custo de materiais, serviços, etc. A conta simplesmente não fecha.
Por isso, não adianta cobrar do governante a pavimentação em todos os bairros, o fim do déficit habitacional, grandes obras, eventos com artistas renomados, dentre tantas coisas. Vivemos um momento em que é preciso assegurar o que é fundamental, com a devida qualidade.
Ainda que o governo federal tenha mobilizado recursos, estes não chegam à base. Muito do que os cidadãos pagam em impostos, taxas, contribuições fica parado nos Estados. E o que fazem os governos estaduais? Concentram em si os recursos sem distribuir a quem mais precisa: os municípios.
Portanto, na hora de cobrar sua candidata, seu candidato, é preciso tomar conhecimento da realidade do país e, especialmente, do seu município. Se não houver priorização de determinadas áreas e contenção, racionalização de gastos, eficiência nas ações, não há como solucionar os problemas estruturais e, tampouco, encaminhar um projeto de desenvolvimento, ir além das dificuldades.
Nossos municípios não podem ficar à mercê de esmolas governamentais. O cidadão não pode ficar refém de miudezas, do assistencialismo, sem pensar em médio e longo prazo. Se não houver união entre os agentes políticos e a população, os tempos serão cada vez mais difíceis. Portanto, o cidadão tem que saber o que quer, o que realmente é necessário neste momento, entender a conjuntura e exercer o seu papel. Se assim agir, a chance dos políticos ilusionistas, de falsas promessas, saírem de cena é cada vez maior. E assim poderemos construir realidades distintas, condizentes com nossos sonhos e, principalmente, com nossos direitos.
- Colunas