O refrão dessa canção que ficou famosa na interpretação dos Titãs diz muito sobre nossa sociedade e, principalmente, sobre as nossas necessidades.
Ainda há quem ignore direitos básicos da população como o direito à alimentação, por exemplo. Sim, pessoas morrem de fome e desnutrição no país. E não é preciso ir longe para observar tais mazelas.
Contudo, agentes públicos tendem a focar na oferta do pão e na realização de obras públicas, muitas das quais essenciais para a garantia da oferta de serviços e a efetivação de direitos, esquecendo-se, dentre outras coisas, da formação educacional e cultural dos indivíduos.
Hoje, não pretendo abordar questões educacionais, mas, sim, os direitos à cultura e ao lazer. Cultura não é apenas o que se expressa nas manifestações artísticas formais, passadas de geração a geração, muitas das quais são apenas privilégios das elites. Cultura se produz e reproduz no cotidiano. Cabe ao Estado garantir a oferta dos bens culturais, estimular o que se convencionou denominar por economia criativa. Tal agenda, além de contribuir para a geração de emprego e renda, fortalece a cidadania ao garantir um direito básico e propicia aos indivíduos a necessária abertura à criatividade, à reflexão, à criticidade.
A cultura deve adquirir centralidade na agenda estatal e nos programas governamentais federais, estaduais e municipais. É evidente que existem limitações orçamentárias e um sem número de prioridades numa sociedade desigual ordenada por um Estado com graves desequilíbrios financeiros. Mas devo lembrar a todos que a prioridade estatal é o cuidado com o bem-estar de todos, indistintamente. E isso passa pela efetivação de direitos sociais, além, é claro, de uma boa gestão da economia.
Políticas culturais devem ser pautadas pelo respeito à diversidade e o entendimento de que a democracia se constitui de múltiplas visões, posicionamentos e valores. Não há cultura única. Há cultura. E ela deve ser respeitada em sua riqueza, em sua multiplicidade.
- Colunas