No mês de setembro, de 1994, nasce a campanha sobre a conscientização do suicídio e saúde mental. Por que setembro? E por que amarelo? A campanha começou nos EUA, em 1994 depois que Mike Emme, um jovem de 17 anos, tirar sua vida. Antes do trágico acontecimento Mike tinha restaurado um carro (Mustang 68) pintando-o de amarelo, e seu corpo foi encontrado dentro do veiculo. Do que se sabe, afirma-se que o jovem enfrentava questões psicológicas, mas a família não tinha conhecimento de seus dilemas e condição, que infelizmente não conseguiram impedir o suicídio.
Falar sobre suicídio e saúde mental ainda é um tabu, seja por questões religiosas ou culturais, que faz esses temas se tronarem invisíveis diante da nossa realidade social e econômica no país em que vivemos.
Emile Durkheim, sociólogo francês do século XIX , disserta o suicídio como patológico (uma doença) e também um fenômeno social. Segundo Durkheim existem três tipos de suicidas; o altruísta: em que o indivíduo valoriza mais a sociedade do que a ele mesmo (é o caso de terroristas que cometem atentados com bombas nos próprios corpos), o egoísta: quando o indivíduo não vê mais sentido na vida ou não tenha mais razão para viver e o suicídio por anomia que acontece por causa de mudanças sociais, quando a pessoa perde seus objetivos e sua identidade, influenciada pelo fator da desconformidade do que se é esperado da sociedade.
Tendo como base os pensamentos acima tratados, podemos dizer que a intolerância do que é diferente e do que se espera na sociedade patriarcal, tem uma grande interferência no ato suicida. . Não só pelas suas próprias razões, mas pela amplitude que isso significa.
Importante ressaltar que o ato suicida não pode ser visto isoladamente, dizer que um individuo tirou sua própria vida apenas por um fato ou momento especifico é uma visão muito simplista para um fenômeno tão complexo e multifatorial, que tem que ser considerado todo contexto e dimensões históricas, socioambientais, culturais e econômicas para iniciar uma apuração decente sobre os motivos que facilitou esse desfecho tão triste.
Desta forma, não cabem explicações ou palavras para afirmar que: SIM, sua intolerância religiosa contra umbandistas, sua homofobia contra a comunidade LGBTQ+, seu racismo contra pessoas negras, seu capacitismo, sua xenofobia, e todos os outros preconceitos podem ser gatilhos na mão de pessoas com qualquer tipo de vulnerabilidade, que por muito tempo sofrem com essas “perseguições” e que em algum momento isso transborda de seu corpo e mente, que leva a cometer o suicídio. Então antes de conscientizarmos a nação sobre a valorização à vida e a importância da saúde mental, seja preciso falar um pouco mais e com maior responsabilidade, sobre nossas intolerâncias e nossos preconceitos; até onde isso pode impactar, influenciar e motivar uma pessoa, quer para a vida ou, da maneira como temos visto com maior frequência, para a morte.
Desta forma, entendesse que a campanha não acaba no inicio de outubro, mas se estende durante todo ano, que precisa haver espaços para que esses diálogos aconteçam em todas esferas da vida e em qualquer data. Se você esta passando por algum momento difícil ou conhece alguém que esteja, peça ajuda profissional ou entre em contato com o Centro de Valorização da Vida pelo número 188. Você não esta sozinho!
Thiago Januário - Aluno do 1º ano de Pedagogia da FIT – Faculdades Integradas de Taguaí
- Taguaí