Em Taguaí, a história de uma jovem empreendedora prova que as limitações físicas são pequenas diante da imensidão de um sonho e do apoio de uma família unida
O aroma de chocolate e o brilho dos granulados gourmet que saem da cozinha de Maria Júlia não contam apenas a história de um negócio de sucesso. Eles narram uma trajetória de coragem, resiliência e, acima de tudo, amor. Fundadora da Doce Encanto, Maria Júlia transformou a cadeira de rodas, que para muitos seria um símbolo de limitação, em uma ferramenta de onde ela comanda sua própria história.
Raízes de fortalecimento
A infância e adolescência em Taguaí nem sempre foram doces. Maria Júlia recorda com emoção um período marcado por buscas, medos e inseguranças. “Não foi uma fase fácil”, confessa. Naquela época, o empreendedorismo ainda não habitava seus planos; o foco era o fortalecimento pessoal e o processo de aceitação.
Nessa caminhada, uma mão nunca soltou a dela: a da família. Esse alicerce foi o que permitiu que as barreiras emocionai, o medo do julgamento e a dúvida sobre a própria capacidade, fossem quebradas, uma a uma.
Quando o propósito encontra o açúcar
A Doce Encanto não nasceu de uma paixão antiga pela confeitaria, mas de uma necessidade prática de gerar renda. No entanto, o que começou como uma alternativa financeira logo se transformou em missão. “Os doces não eram minha paixão inicial; eles se tornaram. E mais do que isso, transformaram-se em propósito”, revela a empreendedora.
O frio na barriga do início deu lugar à certeza quando o primeiro grande pedido chegou: 200 docinhos para uma festa. Ali, entre forminhas e confeitos, ela percebeu que não estava apenas entregando açúcar, mas criando memórias e participando de momentos especiais na vida de seus clientes.
Um negócio feito a muitas mãos
Se engana quem pensa que Maria Júlia trilha esse caminho sozinha. A Doce Encanto é um coração que bate no ritmo de uma família. Sua mãe é descrita como a “peça-chave”, presente desde a produção até o suporte emocional diário. O pai oferece o suporte logístico e a irmã garante que o brilho dos brigadeiros chegue a novos olhos através da divulgação.
“Minha mãe é minha melhor amiga. Empreender juntas nos deu algo precioso: tempo e liberdade para estarmos próximas”, conta Maria Júlia, com um sorriso que reflete a gratidão de quem encontrou na rotina de trabalho um refúgio de afeto.
Além das barreiras
Para Maria Júlia, autonomia não é sinônimo de “fazer tudo sozinha”, mas sim de ter liberdade de escolha e acesso. Ela reconhece que a sociedade ainda impõe barreiras físicas, mas defende que as piores travas são as da mente.
“A cadeira de rodas nunca diminuiu minha capacidade. Empreender é provar, todos os dias, que limites não definem quem somos”, afirma com a autoridade de quem transformou o desconforto em movimento.
O futuro é doce
Ao olhar para trás, para a Maria Júlia de 2020, ela daria um conselho simples: “Não tenha medo. Valorize seu trabalho”. Hoje, ela já não teme o valor de sua arte manual. Com os pés no presente, ela mira o futuro: o sonho de um espaço exclusivo para suas produções e um projeto que promete tocar ainda mais corações.
A história da Doce Encanto deixa um legado que vai muito além das receitas: o de que, com fé, apoio familiar e a coragem de recomeçar, é possível transformar desafios em força, que nenhuma limitação define quem somos e que acreditar em si mesmo muda caminhos.
- Taguaí