O jornal Sudoeste do Estado conversou com o produtor Márcio Fiori sobre o plantio de trigo em Fartura
Uma das culturas cultivadas no inverno é o trigo e este cereal será abordado nesta edição na série de reportagens sobre produção rural do jornal Sudoeste do Estado.
Segundo dados da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o trigo é o segundo cereal mais produzido no mundo, depois do milho e antes do arroz. O grão do trigo tem cor e tamanho variáveis, isto leva a características e propriedades diferentes dos produtos derivados do trigo, em especial, da farinha. É o único cereal que contém glúten em quantidade necessária para se produzir o pão.
A região Sul do Brasil possui a maior área utilizada para o plantio do trigo, sendo o estado do Paraná o maior produtor no país. Em Fartura, Márcio José Fiori, 44 anos foi um produtor rural que apostou no cultivo do trigo durante esta época.
Filho de agricultor oriundo do Paraná, ele conheceu a cultura no final dos anos 1990 e junto com o seu pai começaram a plantar trigo na chamada “safrinha”.
“Quando vim para Fartura em 2004, comprei uma propriedade no bairro Taquara Branca (Fazenda São Paulo), onde iniciei um trabalho novo de produzir três culturas por ano, plantar soja no verão, sorgo na entressafra e a partir do mês de junho plantar trigo, o que até o momento está indo bem”, revela Fiori.
PLANTIO DIRETO
Sobre a forma de manejo em suas plantações, o produtor contou que aderiu ao “plantio direto”, um formato que pula diversas operações. “Com a tecnologia desenvolvida pela Embrapa, no plantio direto a gente planta a lavoura de forma sucessiva em cima da palha da antiga, então no meu caso como é curto o espaço de tempo por causa das três culturas durante o ano, na maioria das vezes a gente colhe e já planta no mesmo dia, que é como estou fazendo nesta semana, estou colhendo o sorgo e plantando o trigo”, frisou Marcio que complementou, “então não meche mais com a terra, não tem mais perigo de erosão por chuva ou solar, como também ajuda o meio ambiente. Isso facilitou pra gente no manejo, mas o custo da tecnologia é alto”.
TECNOLOGIA
Ao falar do investimento em tecnologia no campo, Márcio Fiori destaca maquinários como a plantadeira de alto volume (para duas toneladas e adubo e duas toneladas de semente) e trator de 245 cavalos com GPS e piloto automático. “Esses maquinários já são regulados para o plantio direto, que vieram para melhorar cada vez mais a produção”, disse.
Outra novidade utilizada por Márcio Fiori neste ano, em suas plantações, é um gel de plantio, desenvolvido por uma nova empresa parceira do produtor rural. “É um polímero que em contato com a água se transforma em uma geleia, isso é incorporado junto com o adubo, então no momento do plantio é colocado na terra à semente, o adubo e o gel polímero, ao contato com a umidade esse gel vira uma esponja que por 30 dias fica soltando o líquido, a tecnologia é parecida com o gel de fralda para bebês. São colocados 25 quilos por alqueire e o resultado é muito satisfatório”, ressaltou Fiori dizendo ainda que o gel resolve o problema da estiagem.
Hoje Márcio Fiori é arrendatário de terras para produção rural e trabalha com uma área de 180 alqueires, todas as propriedades no bairro Taquara Branca. Ele conta com somente dois funcionários para tocar suas plantações e mais dois temporários, quando necessita. Ele também informa que a parte da colheita foi terceirizada de uma empresa especializada da cidade de Taquarituba.
BOM ANO PARA LAVOURA
O produtor salienta que esse ano foi muito bom para a lavoura da soja, com uma média de 175 sacas por alqueire, bem acima da média estadual e nacional. O sorgo também alcançou ótimos números, mesmo com a falta de chuvas, com média de 150 a 160 sacas por alqueire.
“Estamos agora entrando no plantio do trigo e almejando umas 120 sacas por alqueire, que vai ser colhida na segunda quinzena de outubro”, vislumbrou o produtor.
Porém Márcio Fiori comentou que o agricultor sempre vai ter seus gargalos durante o ano. “Sempre vamos precisar de infraestrutura melhor, um financiamento em longo prazo para adquirir maquinários e tecnologia de última geração, só para você ver que hoje um trator custa R$ 600 mil. Então para ser sincero está melhor, pois tivemos mais acesso ao crédito, está tendo menos burocracia para ter acesso as coisas. A gente precisa de estradas trafegáveis para conseguir passar com os maquinários grandes, ter mais linhas de créditos e um apoio maior do Governo do Estado de São Paulo, que deixou o produtor de lado ultimamente”, declarou.
Para encerrar a reportagem, Márcio Fiori enalteceu a importância da Embrapa para o produtor rural com pesquisas e tecnologias desenvolvidas, como também deixou conselho que recebeu de seu pai.
“Como meu pai me disse um dia: Se você vai ser agricultor é o seguinte, não seja igual a macaco que fica pulando de galho em galho! Pois agricultor é o seguinte, um dia você ganha, um dia você empata e um dia você perde”, finalizou Fiori.
AVEIA
O empresário e produtor rural farturense Rodolfo Rocha produz aveia em sua propriedade, ao lado do loteamento Jardim Aeroporto, durante o inverno.
Semelhante ao trigo, segundo o agrônomo Athos Ribeiro Garcia, o plantio serve para a colheita de grãos, para o feitio de silagem ou para a incorporação ao solo para melhoria da terra.
“Tem havido melhora na produção de milho logo após a incorporação da aveia ao solo”, contou Athos, que presta serviço na propriedade de Rodolfo Rocha.
A plantação fica em uma área de 30 hectares e o plantio ocorre na segunda quinzena de abril e a colheita vai acontecer em agosto ou setembro.
“A aveia protege a terra, então mesmo não vendendo o que eu produzir, para a plantação a próxima plantação de milho deve ter uma melhora por causa da aveia”, disse Rodolfo Rocha.
SINDICATO RURAL
Presidente do Sindicato Rural, Zé da Costa acompanhou a reportagem sobre o trigo e contou que é uma cultura para o médio e o grande agricultor. “Em Fartura temos uma média de 30 produtores que plantam trigo no inverno e para o pequeno produtor não compensa, pois necessita de grande área de lavoura para ser rentável”, informa.
Zé da Costa ressalta que o Sindicato Rural é um órgão de representação de classe sem fins lucrativos e representa a classe patronal, embora atenda também o arrendatário e o meeiro que estiver associado.
De acordo com o presidente, o serviço prestado pelo Sindicato é igual de um escritório contábil, porém também atua na formação profissional e promoção social do homem do campo e pessoas ligadas.
“Nós atuamos com capacitações, treinamentos e inúmeros cursos que oferecemos ao homem do campo no sentido de modernizá-lo, atualizá-lo e capacitá-lo para dominar bem cada atividade que exerce”, explicou Zé da Costa.