Suspeita oferece diversos serviços e, após pagamento antecipado, não realiza a entrega. Em um grupo com cerca de 10 mil pessoas no Facebook, várias pessoas alegam ter sofrido o mesmo golpe em Bauru (SP).
A polícia investiga o comportamento nas redes sociais de uma mulher suspeita de aplicar golpes virtuais em Bauru (SP).
De acordo com as denúncias, a suspeita oferece diversos serviços e, após o pagamento antecipado, inicia uma série de desculpas aos clientes para não realizar a entrega do produto/serviço e evitar a devolução do dinheiro.
Uma das vítimas, que prefere não se identificar e registrou boletim de ocorrência por estelionato, conta que encontrou a suspeita nas redes sociais oferecendo uma excursão para um passeio de balonismo em Boituva (SP).
"Uma maquiadora, colega minha, indicou os serviços de viagem. Vi a postagem e me interessei. A dona da página tinha vários seguidores na época, então pensei ser realmente de confiança", relata.
Após o primeiro contato, a suspeita explicou que o serviço era terceirizado e que ela ficaria responsável por repassar o dinheiro à empresa responsável pela excursão, já informando data, horário da viagem e local de onde o transporte sairia. No entanto, essa viagem nunca aconteceu, apesar do pagamento antecipado de R$ 400 via PIX.
"Achei meio estranho ela pedir um pagamento antecipado via PIX em nome de uma pessoa terceira, mas percebi de fato o golpe quando precisei cancelar a viagem e ela não me ofereceu reembolso, dizendo que estava esperando mais pessoas pagarem para somente daí me reembolsar", conta a vítima.
A partir deste momento, os pedidos de reembolso passaram a ser ignorados pela suspeita e, após pesquisar mais a fundo, a vítima descobriu o histórico dela e outros possíveis golpes.
"Ela possui inúmeras reclamações recorrentes em grupos nas redes sociais. Ela pede pagamento antecipado por PIX para festas de casamento, some com o dinheiro, não vai ao evento, realiza excursões fantasmas, decoração de eventos, não paga pelos produtos. Oferece mil e um serviços", desabafa.
Em um grupo com cerca de 10 mil pessoas no Facebook, denominado "Aonde não ir em Bauru", várias pessoas alegam terem sofrido o mesmo golpe.
"As pessoas nunca vieram falar comigo especificamente, mas uma vez criaram um grupo no qual havia várias vítimas deste golpe, queriam ir à delegacia juntos para abrirem BOs contra a suspeita. No entanto, fiquei com medo", diz a vítima, que aguarda até hoje a excursão de balonismo.
Com o registro do BO, a polícia investiga o caso. No entanto, acima do valor material, uma das vítimas ressalta que espera alertar outras pessoas, bem como a identificação da suspeita.
"Eu espero poder alertar outras pessoas, pois fiquei bastante chocada ao saber que ela ainda está dando golpes nas pessoas, mesmo depois de anos. Ela muda o nome, se reinventa, alega realizar mil serviços, e isto não é justo. Não é nem pelo dinheiro, mas pela forma que ela trata as pessoas em eventos importantes da vida, como casamento, aniversário, e a profissional simplesmente sumir com o dinheiro, isto não está certo", desabafa.
O g1 tentou contato com a suspeita para pedir um posicionamento sobre o caso, mas não conseguiu retorno.
Golpes crescem
Só nos primeiros seis meses deste ano, a polícia de São Paulo registrou mais do que o dobro de todos os crimes pela internet ocorridos no ano passado inteiro.
De janeiro a junho de 2022, foram 5.424 crimes cibernéticos contra os 2.219 registrados em 2021, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de SP.
Em SP, esse tipo de crime é investigado pela Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil. Todos os tipos de fraude ou de estelionato que envolvam a utilização de recursos eletrônicos e a internet entram na categoria.
Desde o ano passado, as fraudes eletrônicas passaram a ser consideradas mais graves do que as fraudes que acontecem fora do ambiente digital.
"Hoje em dia, o estelionato tem uma pena maior quando a fraude é eletrônica, por assim dizer. Basicamente, o que vai identificar se um crime tem a característica de ser cibernético é o ambiente onde ele acontece, é o modo como ele acontece nesse ambiente, sobretudo na internet", explica o delegado Thiago Cirino de Moura Chinellato.
Para diminuir o risco de cair em armadilhas virtuais, até que você tenha certeza de quem está do outro lado da tela ou do outro lado da linha é preciso desconfiar.
Informações: g1 Itapetininga e Região