Viúva há quase 30 anos, Ana Maria Pantaleao criou quatro filhos e falou com carinho sobre o terceiro deles, Andrius Jamaico, vítima do acidente em Boituva (SP).
Ana Maria Pantaleao, de 66 anos, descreve com carinho o filho Andrius Jamaico, de 38, que morreu após um salto de paraquedas no último dia 19 em Boituva, no interior de São Paulo.
“Ele era muito família. Gostava de pescar, de viajar com a filha dele para o sítio, gostava de moto. Ele era muito presente e muito amoroso.”
Viúva há quase 30 anos, a idosa contou ao g1 que criou quatro filhos praticamente sozinha e Andrius era o terceiro deles. Segundo Ana Maria, apesar de Andrius já ser adulto e casado, ela nunca deixou de se preocupar com o filho.
“Mãe tem preocupação com essas coisas, com acidente. E eu acho que sou uma mãe muito coruja, sei lá. Eu criei meus filhos praticamente sozinha, então tenho muita preocupação”, afirma Ana Maria.
Segundo a mãe, Andrius havia começado a fazer aulas de paraquedismo recentemente, como um hobby. Em Diadema (SP), cidade onde a família mora, Andrius era dono de um bar e de uma empresa de transportes.
“Eu não sei exatamente quando ele começou porque ele tinha medo de falar essas coisas para mim. Eu sempre falava que era perigoso. Inclusive quando ele mandou uma imagem da aula [de paraquedismo] para mim, eu fiquei brava com ele. Mas ele falava que era seguro, então eu não ficava sendo aquela mãe chata, não questionava muito”, lembra Ana Maria.
Apesar de se preocupar com o hobby do filho, a aposentada contou que havia se programado para ver o filho saltar no dia em que ocorreu o acidente. Segundo ela, Andrius iria receber uma espécie de diploma relacionado ao esporte.
“Ele me convidou e falou que a gente ia pular juntos, mas eu brinquei: ‘Deus me livre, vou só te ver’. Aí eu levantei cedo e me arrumei para esperar ele me buscar. Quando deu meio-dia, meu quarto filho recebeu a notícia de que ele tinha falecido. Foi um baque. E eu não sei por que ele não me levou, acho que já era Deus me preparando. Acho que eu não ia aguentar ver.”
Ana Maria também contou que, no fim de semana anterior ao acidente, toda a família se reuniu em Diadema. Para ela, o encontro pareceu uma despedida.
“Todo mundo sentiu, tanto a família quanto os vizinhos, amigos. Dói demais da conta [...] Ele tem uma filha que vai fazer 7 aninhos, e era muito amor entre os dois”, lamenta a idosa.
Agora, a família quer entender as causas da queda de Andrius e tomar medidas para evitar que novos acidentes aconteçam no Centro Nacional de Paraquedismo (CNP).
“A única coisa que estou sabendo é que houve uma falha no paraquedas, então queria saber por que o paraquedas não abriu. Se foi uma fatalidade, a gente não sabe. O certo não é pensar só na nossa família, que teve essa dor, mas nas outras também, porque não foi só meu filho”, relata Ana Maria.
Informações: g1 Itapetininga e região