Um país profundamente desigual como o Brasil cria abismos socioeconômicos entre os indivíduos. Evidentemente que esses problemas não foram causados no presente. Alguns nos acompanham há séculos.
O fato é que não se pode mais negligenciar a importância de incluir todos os indivíduos na sociedade e isso não significa fazê-los apenas consumir, mas, principalmente, apresentar suas demandas, ter voz ativa e presença constante nas decisões que lhe afetam.
Fala-se em ensinar a pescar ao invés de dar o peixe. Concordo. Mas o crescimento do número de indivíduos em situação de extrema pobreza nos últimos anos é algo assustador.
Os sucessivos altos e baixos da economia são, evidentemente, justificativas importantes, mas ainda insuficientes para tal. Nos falta uma agenda estatal. Uma agenda de desenvolvimento que privilegie a inclusão social.
Os programas de transferência de renda mostraram-se fundamentais para o pontapé inicial. Se uma pessoa não tem o que comer, não há como, sequer, garantir a sua produtividade para o trabalho. Sim, não há como negar que existiu e ainda existe fome no Brasil.
Contudo, se esse passo inicial alavancou o consumo e ainda é utilizado como meio de garantir a manutenção da sobrevivência e aquecer setores da economia, é insuficiente para tornar as pessoas emancipadas, produtivas e, por consequência, o país, desenvolvido.
As condicionalidades impostas como, por exemplo, a frequência escolar e a obrigatoriedade das famílias levarem seus filhos periodicamente aos serviços de saúde contribuiu para a melhora de determinados indicadores ligados, sobretudo, à infância. Mas e os pais? É fato que as mães se tornaram empoderadas com a possibilidade de garantir o sustento da família. Mas nada supera a geração de emprego e renda.
Países desenvolvidos geram empregos e, consequentemente, renda. A renda é distribuída de modo mais equilibrado e cada setor da sociedade é chamado a dar sua contribuição de modo proporcional, por exemplo, no que diz respeito ao pagamento de impostos.
Além da geração de emprego, contudo, existem outras pautas para a efetivação da inclusão social.
A necessidade do oferecimento universal de serviços públicos de qualidade é urgente. País desenvolvido não é somente rico, mas, sobretudo, socialmente justo. Por isso, além das questões envolvendo classes sociais é fundamental que também incorporemos às nossas preocupações as pautas identitárias não sem articulá-las às condições socioeconômicas. Inclusão, de verdade, só se dá quando o cidadão é plenamente respeitado e tem seus direitos, na totalidade, efetivados.
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