Suspeito fugiu do local antes da chegada da Polícia Militar, mas foi preso horas depois do crime. Caso ocorreu na noite de sexta-feira (3), em Tabatinga (SP).
A grávida que foi espancada pelo companheiro durante uma discussão revela que ainda sofre aos ver os ferimentos causados pelas agressões. O crime foi registrado na sexta-feira (3), em Tabatinga (SP).
Jéssica Meira Correia Pingueli, de 32 anos, foi encontrada em casa, com diversas lesões pelo corpo. A vítima, que está no sexto mês da gestação de um menino, teve uma hemorragia intracraniana em decorrência das agressões, além de vários cortes e hematomas, principalmente na região da cabeça.
"Estou com vários trincos na face, só que eles [médicos] não vão poder mexer agora por conta da gestação. Não consigo abrir o olho direito", revela a vítima.
Após ser socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Jéssica foi encaminhada, primeiro, para uma unidade médica em Tabatinga, mas, devido à gravidade dos ferimentos, foi transferida para a Santa Casa de Araraquara (SP).
Ela recebeu alta na noite de sábado (4), mas as sequelas permanecem no corpo e na alma.
"Eu me olho no espelho, eu choro. Toda vez eu choro. Feia desse jeito. O duro é você não chorar, de repente, seu rosto deformado assim... Todos viram o estado que eu fiquei. Se eu não tivesse recebido ajuda naquele momento que ele começou a me bater, eu tinha morrido, não estava mais aqui", desabafa. O suspeito do crime fugiu após o espancamento, mas foi localizado na tarde de sábado. Ele prestou depoimento à Polícia Civil e foi preso, ficando à disposição da Justiça.
Briga por ciúmes
Ao g1, Jéssica contou que a discussão teria sido iniciada por uma crise de ciúmes do companheiro, de 36 anos. Os dois estavam juntos havia dois anos e, segundo ela, o marido nunca tinha dado sinais de que poderia agredi-la.
"Ele nunca tinha me agredido. Depois de dois anos uma pessoa fazer isso? Eu que trabalhava com ele na roça, cheguei até a colher abacate grávida e receber isso? É difícil de aceitar, mas, como se diz, tudo na vida é uma lição. Foi a primeira vez que ele me agrediu desse jeito. A primeira e única, nunca mais", diz.
No momento das agressões, a grávida conta que estava acompanhada da filha de seis anos e que, na hora, pensou em protegê-la também da fúria do marido.
"Ele teve a crise de ciúmes e a violência teve início a partir do momento em que eu me neguei a voltar para casa porque já estava com medo e, para proteger minha filha, achei melhor ficar na rua. Tentei lutar com ele na hora, mas não consegui. Só conseguia pensar em proteger minha filha que estava comigo e o bebê na minha barriga", relata.
Apesar da violência nas agressões, tanto a mãe como o bebê não correm risco de vida. No entanto, Jéssica revela que uma cirurgia necessária em virtude das lesões sofridas na cabeça foi adiada para depois do parto.
"Os médicos viram risco em fazer agora por causa da gravidez. Então, vou ter que esperar o meu filho nascer", conta.
Medo constante
Depois de receber alta, Jéssica retornou para a cidade de Tabatinga, onde morava com o companheiro. Apesar do suspeito do crime e marido da vítima ter sido preso, ela relata viver em constante estado de medo.
"Sinto muito medo, inclusive não consigo ficar na casa, porque sinto como se eu fosse ser agredida de novo. Agora estou na casa de uma irmã, mas pretendo mudar de casa", conta.
Segundo Jéssica, a casa onde mora não oferece muita segurança, mas ela tem enfrentado dificuldade para conseguir alugar um outro imóvel. A repercussão do crime ocorreu após a irmã de Jéssica, Nanda Côrrea, ter ido às redes sociais denunciar o espancamento sofrido pela irmã.
Em uma postagem no Instagram, ela afirma que os vizinhos acionaram a polícia e a irmã foi encontrada com o rosto desfigurado. "Ela está toda deformada", contou a mulher no post.
No momento, Jéssica se preocupa com a própria recuperação e o nascimento do filho. No entanto, espera se manter distante do pai da criança e torce para que ele permaneça preso.
"Depois de tudo isso, não o considero mais como meu marido e, sim, um monstro. Espero que a justiça seja feita", pontua.
Informações: g1 Bauru e Marília