"A máxima sabedoria é a bondade."Talmude
Recebo muitas perguntas sobre câncer de estomago, especialmente no Interior. Um dos aspectos mais perguntados é como prevenir. Embora a prevenção de câncer de estomago não esteja tão definida como a do câncer de intestino, tento trazer aos leitores o que existe de conhecido. Não pretendo falar em profundidade sobre o tema tampouco abordar as polêmicas, pelo espaço limitado.
Com alegria fiz uma live para a ABOVA (Avaré) há alguns dias sobre esse tema. Agradeço o convite e a todos que assistiram.
Utilizo dados dos Estados Unidos (NIH, AAAS e American Gastroenterological Association), INCA, American Cancer Association, OMS bem como de minha prática clínica. Enfatizo o que se sabe sobre Prevenção.
1- Câncer de estomago é comum?
Infelizmente é um dos tipos de câncer mais comuns no mundo. No Brasil, acredita-se que quase 13.000 homens e 8000 mulheres serão afetados (previsão 2020). Pessoas acima de 50 anos são a maioria dos afetados. Asiáticos tem maior incidência que brancos.
2- Quais os sintomas?
Não há sintomas específicos nas fases iniciais. Quando o câncer é encontrado em fase inicial há excelente prognóstico. Porém, as lesões em fase inicial são usualmente descobertas em endoscopias de rotina. Muitas dessas endoscopias são feitas para sintomas inespecíficos como queimação, náuseas(enjoo), dor abdominal indefinida, etc. Um Endoscopista bem qualificado, poderá verificar lesões ainda em fase inicial. Isso é importante por que pode salvar vidas.
Em fases avançadas o câncer de estomago pode causar dor, massas abdominais, perda de peso, vômitos, entre outros. Há casos de vômitos com sangue(embora seja algo sério e que requer atenção imediata, o vomito com sangue pode ter muitas causas diferentes).
3- E o diagnóstico?
No Brasil, na maioria dos casos o diagnóstico é pela Endoscopia
Um Médico cuidadoso e interessado deve acompanhar e saber quando é preciso fazer uma Endoscopia. No sentido preventivo sabemos que a maioria dos cânceres de estomago em fase inicial são descobertos em Endoscopias de rotina. Isso é importante, pois o câncer em fase inicial tem grande possibilidade de cura.
É claro que, para diagnósticos de alta qualidade é preciso Endoscopistas bem treinados, qualificados e atentos para a possibilidade de câncer precoce de estomago. Isso pode salvar vidas.
4- O H. pylori tem algum papel?
A bactéria Helicobacter pylori está associada com o desenvolvimento do câncer de estomago. A OMS reconhece que ela está ligada ao câncer de estomago desde 1994. É claro que por alguém ter Helicobacter não significa que obrigatoriamente terá câncer de estomago.
5- Que outros fatores estão associados?
Álcool, fumo, obesidade, consumo de alimentos com nitritos(presente em frios, defumados e embutidos), histórico de gastrite atrófica, presença de pólipos adenomatosos no estomago, baixo status sócio-economico, certas cirurgias prévias no estomago, sangue do tipo A, anemia perniciosa, histórico familiar(por exemplo mãe ou pai que tiveram câncer). Há algumas síndromes genéticas, como a polipose adenomatosa familiar , felizmente rara. É logico que ter uma dessas características não significa que a pessoa terá câncer de estômago.
6- Fiquei com medo...como faço para prevenir?
Não se sabe os melhores meios de prevenção . A chamada prevenção primária(que são modos de prevenção inespecíficos) diz: evitar fumo e álcool, manter peso adequado, comer frutas e verduras(5 porções ou 400 g por dia) é bom. Manter-se sem o H. pylori é sempre útil. Parentes próximos de portadores de câncer de estomago devem eliminar o H. pylori. Outros fatores, como acompanhar gastrites atróficas, retirar pólipos ou fazer seguimento adequado após certas cirurgias de estomago são mais complexos. Nesse caso, dependem de atendimento médico capacitado e qualificado.
Países de alta incidência como o Japão tem programas preventivos baseados em endoscopia. Eles cobrem boa parte da população, com endoscopistas bem treinados.
A detecção precoce do câncer, feita por endoscopistas de alto nível é um fator fundamental. Depende, no entanto, de médicos bem treinados e atentos. É útil que esses médicos endoscopistas saibam fazer uso de técnicas eficazes como cromoscopia durante o exame, por exemplo.
Por outro lado, um Endoscopista de alto nível pode retirar pólipos na própria Endoscopia.
Consultoria- Prof. Dr. Paulo S Lopes - CRM 56402 Médico Gastroenterologista e endoscopista. Recebeu Bolsa de Estudos do Governo do Japão para Doutorado na Tokyo Medical University . Fez Pós Graduação nas Universidades de Harvard e Johns Hopkins- Estados Unidos, onde foi ligado também ao Centro de Prevenção do Câncer da ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, Nova Iorque. Também especializou-se em Prevençâo de Câncer de Estomago nas Universidades de Santiago e Concepcion, Chile. Foi Visiting Scholar em Yale, Estados Unidos. Tem Títulos de Especialista. O Dr. Paulo recebeu 5 Premios no Brasil. Atualmente dedica-se a Atividades Filantrópicas em S. Paulo e Paraná, além da prática clínica.
Muito importante: Estas notas , mesmo acuradas, jamais substituirão a avaliação médica. Nossa recomendação para pessoas com os problemas descritos é de serem avaliadas por profissionais de sua confiança.Temos apenas o desejo de oferecer orientação, embora genérica.
Ao escrever, colocamos situações hipotéticas, embora comuns. Imaginamos a presença de profissionais e recursos de alto nível.Não conhecemos , contudo, em detalhes a realidade de cada município dos leitores. Quando nos referimos á médico, no masculino, referimo-nos igualmente ás médicas mulheres, só omitidas ali por questão de espaço.
Não recomendamos diagnósticos ou tratamentos, e muito menos profissionais por esta coluna. A informação, mesmo cientificamente acurada, é genérica e não se aplica a casos individuais. Não queremos substituir a avaliação médica atenta, individualizada e específica.
Contato com a coluna: abea.filantropia@gmail.com
Por motivos Éticos não opinamos sobre casos individuais muito menos comentamos sobre condutas de outros profissionais.