Em Curitiba, o Espaço de Educação Padre Theodor Amstad, voltado à formação de colaboradores e dirigentes, conta com a Sala Ignácio Donel. Uma homenagem que inspira novas gerações cooperativistas
O legado de Ignácio Aloysio Donel, falecido na última segunda-feira (10), segue inspirando cooperativistas que acreditam na promoção do modelo de negócio para a construção de uma sociedade mais justa e próspera. Na sede da Central Sicredi PR/SP/RJ, em Curitiba (PR), o Espaço de Educação Padre Theodor Amstad, voltado à formação e desenvolvimento de colaboradores, conta com a Sala Ignácio Donel, em homenagem ao homem que dedicou sua vida ao cooperativismo. O espaço também tem salas que homenageiam Friedrich Wilhelm Raiffeisen, fundador do movimento cooperativista, Mario Kruel Guimarães, pioneiro que retomou o movimento no Rio Grande do Sul e lançou as bases para a atuação em sistema, Guntolf Van Kaick, ex-presidente do Sistema Ocepar, e Pioneiros de Rochdale, precursores do movimento cooperativista na Europa. Iniciativas que ajudam milhares de pessoas que frequentam os cursos de formação e qualificação, a relembrar a história dos fundadores e a liderança de Donel no cooperativismo, que seguirá inspirando as novas gerações.
Legado para o Sicredi e o cooperativismo
Formada por 31 cooperativas com atuação em 570 municípios nos estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e parte de Santa Catarina, a Central Sicredi PR/SP/RJ reúne mais de 1,6 milhão de associados que já descobriram como a colaboração e a ajuda mútua são capazes de fomentar o desenvolvimento de comunidades. Uma história de cooperação que começou em 29 de janeiro de 1985, quando foi constituída a Cooperativa Central de Crédito Rural do Paraná (Cocecrer-PR) e que contou com o olhar visionário de Ignácio Donel, responsável por organizar as cooperativas de crédito em sistema, entendendo que a união fortaleceria o modelo de negócio.
“Ignácio Donel realmente teve um papel importante como líder, dizendo sim para os ideais dos fundadores do cooperativismo, para a ampliação, constituição e também para a possibilidade de crescimento e independência das cooperativas. A grande preocupação dele era sempre com a organização regional e o exercício da transparência, que é algo virtuoso para o cooperativismo, pois fortalece a solidariedade com a construção de fundos e reservas. Ao mostrar os dados das cooperativas, todas tinham acesso a informações necessárias para ajudar e cuidar uma das outras”, comenta o presidente da Central Sicredi PR/SP/RJ, Manfred Dasenbrock”.
Olhar visionário
Com a história ligada ao cooperativismo, Ignácio Donel foi diretor e presidente da Comasil/Cotrefal/Lar, além de presidente da Credifronteiras, atual Sicredi Vanguarda PR/SP/RJ, da Ocepar e da Cocecrer-PR, organizando o cooperativismo de crédito e liderando a Sicredi Paraná. Nesse período, Donel teve a ideia de criar um Banco Cooperativo, que a partir da união de forças entre os estados do Rio Grande do Sul e do Paraná possibilitou a formação do Sistema Sicredi, passando as cooperativas do Paraná a integrá-lo com participação acionária no Banco Cooperativo Sicredi S.A, o primeiro banco cooperativo no Brasil.
“Se considerarmos as cooperativas que atuam no Paraná em diversos segmentos, praticamente todas elas tiveram inspiração ou influência da atuação de Donel. Ele foi um peregrino incansável nesse contexto de organização e constituição das cooperativas. No período de inflação alta, as cooperativas organizaram um excedente de caixa do dia a dia, e com a centralização financeira ganhavam um pouco mais a partir da aplicação feita durante a noite, chamada overnight. Uma iniciativa que tem o mérito do olhar apurado e da capacidade de convencimento de Donel”, destaca Dasenbrock.
A dedicação de Donel ao cooperativismo foi demonstrada no livro “A construção da confiança”, escrito por Domingos Pellegrini em celebração aos 30 anos da Central Sicredi PR/SP/RJ. “Estimulei os companheiros a ter confiança no cooperativismo, a fazer as coisas certas e a prestigiar a cooperativa mesmo quando parecesse desvantajoso no momento. O cooperativismo não deve ser medido por momentos, mas por horizontes, basta olhar de onde partimos e onde chegamos”, afirmou o líder cooperativista na obra.