Rogério Rodrigues e sua esposa, Paula Rodrigues, faziam uma viagem turística por Israel. Ele foram repatriados e chegaram ao Brasil nesta quinta-feira (12). Balanço recente indica que mais de 3 mil pessoas morreram nos ataques no Oriente Médio.
O advogado e professor, Rogério Rodrigues, e a cirurgiã dentista, Paula Sales Rodrigues, viveram momentos de tensão e apreensão na sua viagem turística para Israel, após o início do conflito no Oriente Médio. Ao g1, o casal relembrou o toque da sirene em Jerusalém e momentos em que precisaram se abrigar em bunkers.
“Nós ouvimos o barulho do ataque por bombas e por mísseis. Soou a sirene em Jerusalém”, conta Rodrigo.
Rogério e Paula são casados e moram em Avaré, no interior de São Paulo. O advogado conta que o casal foi para a Terra Santa por meio de uma caravana organizada por um grupo da igreja a qual frequentam. Parte da caravana também era da cidade de Bauru (SP).
O grupo saiu do Brasil no dia 2 de outubro, fez uma escala em Londres e chegou na capital Tel Aviv no dia 3. A ideia da caravana era fazer uma peregrinação pelos pontos turísticos e religiosos de Israel.
No dia 7 de outubro, o grupo resolveu ir até Jerusalém para conhecer alguns lugares e participar de um evento religioso feito para as caravanas que vão visitar o país. Após voltar para o hotel, Rogério notou que algo estava fora do normal.
"Soou pela primeira vez, de maneira muito baixa, a sirene e depois a segunda vez. Fomos orientados pelos funcionários do hotel a descer até o subsolo, que é parte das estruturas dos hotéis, são verdadeiros bunkers, justamente pela situação enfrentada pela cidade e a situação de Israel”, comenta.
O advogado explica que esse processo se repetiu por pelo menos três vezes, até que os funcionários do hotel orientaram os hóspedes a ficarem nos quartos até segunda ordem. Segundo ele, foi neste momento que souberam que Israel estava sendo atacada.
“Até então as coisas ficam um pouco confusas, as pessoas ficam apreensivas, é uma situação inusitada. Depois que houve um discernimento e as informações foram chegando, fomos agindo de acordo com o protocolo e as orientações dos funcionários do hotel”, explica o advogado.
No dia 8 de outubro, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu fez o pronunciamento oficial a respeito dos ataques. Roberto começou a acompanhar a situação em tempo real, sincronizado com os familiares e amigos que estavam no Brasil.
“Quando você toma ciência da situação real, nunca experimentada por todos do grupo, há todo um estado de alerta, mesmo tendo fé e confiança em Deus, porque apesar de Jerusalém estar distante da faixa [de Gaza], você tem momentos de apreensão e reflexão".
"Por mais que a gente tenha experiência de vida, estrutura e uma resiliência, aqueles momentos interferem no nosso estado emocional”, revela.
Volta para casa
Nos dias seguintes, o grupo enfrentou o desafio de ajustar a programação da viagem em meio à realidade da guerra. A celebração da Festa dos Tabernáculos e a festa da Torá foram impactadas pela situação, mesmo assim, a caravana conseguiu conhecer alguns pontos turísticos famosos.
A notícia do possível repatriamento feito pelo Governo e a Força Aérea Brasileira (FAB) trouxe alívio ao grupo, que seguiu todas as orientações da embaixada brasileira para garantir a volta para a casa.
“Em contato com a baixada, nós soubemos da possibilidade do repatriamento que precisava de um cadastro e seguimos toda a orientação para que tivéssemos condições de ser selecionados para retornar ao Brasil”, explica Rogério.
O grupo tinha a previsão de permanecer em Jerusalém até o dia 10 de outubro para conhecer o Mar Morto, o mar da Galileia, entre outros pontos. Alguns participantes da caravana, porém, queriam voltar para casa. Após revisar algumas situações, as lideranças da caravana decidiram que não seria sábio se deslocar por terra, por um período longo.
O grupo foi até capital Tel Aviv, onde pegaram o 2º avião da FAB com 214 brasileiros da operação “Voltando em Paz” na quarta-feira (11). Ao todo, foram 14 horas de viagem até pousarem no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, na quinta-feira (12), por volta das 3h da manhã. A bordo da aeronave KC-30 estavam 214 brasileiros, além de três gatos e um cachorro.
“É um sentimento de gratidão, de alívio. A minha esposa estava na minha companhia, então teve que ter estrutura e serenidade para ajudá-la e confortá-la, porque cada um reage de um jeito diferente, mas estávamos na mesma situação”, revela o advogado.
Rogério explica que uma companhia aérea doou passagens para os passageiros que iam para São Paulo (SP), de lá, o casal retornou para a sua casa em Avaré.
“Estou muito contente de voltar para casa, tenho aqui a minha filha, meu pai, nosso ambiente. Aprendemos a amar o povo de Israel, oramos pela paz de Jerusalém. Sabemos que é desafiador. Esperamos que tudo ocorra bem, que a paz seja restaurada em Israel, como também entre a Ucrânia e a Rússia e em tantos outros conflitos”, completa.
Rogério e Paula voltaram para Brasil no 2º voo da FAB.
Por Vinicius Lara, g1 Itapetininga e Região