Uma operação realizada pelo 31º Batalhão da Polícia Militar de Itapema (SC) colocou fim à caçada contra José Oswaldo Dell’Agnolo, conhecido nacionalmente como o “Lobo da Batel”, acusado de comandar um dos maiores golpes financeiros do país. Ele foi preso na noite desta sexta-feira (6), em um luxuoso hotel de frente para o mar, no bairro Ilhota.
José estava foragido desde agosto, quando desapareceu e deixou para trás um rastro de vítimas, prejuízos bilionários e desespero. Com ele, foram encontrados mais de R$ 5 milhões em espécie, entre reais e dólares, além de relógios de luxo, dez celulares, um tablet, um MacBook e chaves de veículos.
A captura foi possível após troca de informações entre o setor de inteligência da PM e as guarnições táticas. O alvo foi localizado no Blue Sea Hotel. A prisão foi realizada pela guarnição do Tático, com apoio das equipes VTR 4810, P2 e o oficial de dia.
Após o cumprimento do mandado de prisão, José foi levado à Unidade Prisional Avançada de Itapema. O dinheiro apreendido foi encaminhado à Polícia Federal de Itajaí.
Um golpe de R$ 1 bilhão
Conhecido por ostentar um estilo de vida luxuoso, José Oswaldo operava através de empresas como o Futuree Bank e o escritório The Boss, ambos sediados em Curitiba. As promessas de retorno mensal de até 3% quase o triplo da média de mercado atraíram mais de mil investidores. O golpe, segundo estimativas, teria movimentado pelo menos R$ 1 bilhão.
Vítimas relataram perdas que variam de R$ 20 mil a R$ 3 milhões, incluindo empresários, advogados, comerciantes e até servidores da Justiça. Em um dos casos mais impactantes, uma mulher de Piraju (SP) contou que aplicou R$ 80 mil de herança e usava os rendimentos para sustentar a família. Com o desaparecimento de Oswaldo, passou a viver na miséria. “Não é dinheiro de curtir. Era dinheiro de sobreviver. Agora nem pra comer tem mais”, relatou, chorando, à imprensa.
Promessas, sumiço e revolta
O “Lobo da Batel” usava vídeos nas redes sociais para transmitir confiança. Mostrava fazendas em Piraju como símbolo de prosperidade. O discurso era sempre o mesmo: “renda segura, baixo risco e devolução garantida em caso de problemas”. Mas em agosto, Oswaldo sumiu. Enviou mensagens dizendo que retornaria e que os valores seriam pagos, mas não voltou.
A estrutura do golpe era complexa. Os valores eram repassados via Futuree Bank, banco digital onde figuravam como sócios João Víctor Kobayashi Sanchez e Eduardo Votroba, filho do contador Josué Celestino Votroba, também ligado à The Boss. Ambos negam envolvimento, alegam serem vítimas e afirmam que Oswaldo era quem mandava.
Cidade natal virou epicentro do prejuízo
Em Piraju, onde Oswaldo nasceu, o golpe desestabilizou a economia local. Estima-se que R$ 50 milhões tenham sido retirados apenas de moradores da cidade, que tem cerca de 30 mil habitantes. Com medo de represálias, familiares de José deixaram a cidade.
Com a prisão, os investidores aguardam um desfecho e, principalmente, a recuperação do dinheiro. A Polícia Federalsegue com as investigações para apurar o destino dos valores movimentados por Oswaldo e possíveis ramificações da organização.
Fonte - Jornal Razão
- Polícia