Em entrevista concedida ao A Voz do Vale na quarta-feira, dia 2 de junho, o secretário de Saúde de Avaré, Roslindo Wilson Machado, falou sobre diversas polêmicas envolvendo o setor, inclusive sobre o Pronto Socorro Municipal e do Hospital de Campanha para tratar pacientes com coronavírus.
Roslindo negou que a Prefeitura esteja atrasando pagamentos para a empresa Infomed, responsável pelos serviços médicos no PS local. Ele destacou ainda que estariam ocorrendo vazamento de notícias por “fofoqueiros” e que estariam prejudicando o setor da saúde da cidade.
“Não existe pagamento em atraso para empresa, agora o porquê a empresa não repassou o pagamento para os médicos eu não sei dizer. Ao invés desses fuxicos, desse vazamento de notícias que tem lá dentro, seria mais prudente que viessem conversar aqui com a gente. Eu fico sabendo sempre pela imprensa, agora eu não sei se pagou ou não. O fofoqueiro que passa essas informações poderia dizer, ‘olha nós não estamos recebendo’, eles sempre ficam sabendo porque nós avisamos quando a prefeitura paga. Agora o porquê de a empresa não ter pago, tem que ver com eles. Eu só fiquei sabendo disso ontem”, disse.
O secretário afirmou que atrasos nos repasses do pagamento ocorrem, mas são menores que em gestões passadas. “Não tem meses. Eles estão devendo o mês de abril que deveria ter sido pago até o dia 25 de maio. Mas já tivemos atrasos bem maiores em administrações anteriores”, destacou.
Ele falou também sobre a constante falta de médicos no Pronto Socorro, inclusive na noite de terça-feira, dia 1º de junho. “Tinha médico, sim. Uma coisa é não ter médico no PS, a outra é não ter médicos na quantidade que deveria ter. Quando fui comunicado disso, entrei em contato com a empresa para que providenciassem isso rapidamente. Tinham duas médicas que estavam lá atendendo os casos de urgência. Mas teriam que ter cinco médicos”, ressalta.
A Infomed, segundo o secretário, estaria alegando dificuldades em encontrar médicos para trabalhar na unidade devido a pandemia da Covid-19, mas que a empresa não estaria recebendo na íntegra os repasses, já que não está cumprindo o contrato firmado com o município. “Não, de jeito nenhum. Eles são punidos, essas medidas a secretaria já tomou. Recebem pelo serviço que eles prestaram lá. A empresa já foi notificada duas vezes e recebeu uma multada”, frisa.
Roslindo disse ainda que a constante fiscalização dos vereadores e que notícias divulgadas na imprensa estariam atrapalhando para a contratação de novos médicos. “Não tem médicos que queiram vir aqui para Avaré. Uma coisa é verdade, depois que os vereadores de oposição foram lá e de algumas notícias que saíram na imprensa, nos atrapalhou muito. Inclusive uma empresa de Botucatu veio até a Secretaria manifestando interesse em participar dos plantões. Mas na semana passada me ligaram desistindo de vir por causa desses fatores. Isso dificulta também”, salienta.
O Pronto Socorro, segundo o secretário, segue um protocolo de atendimento e que, devido a isso, existe uma demora nos atendimentos de pacientes com situação menos grave. “As pessoas não entendem que o PS tem protocolo a seguir. Naquele dia uma senhora se revoltou e estava gritando na porta do Pronto Socorro porque ele não tinha sido atendida. Mas o caso dela era de UBS que não deveria estar no PS. Lá existe um protocolo de Manchester, que as pessoas têm que entender. Lá existe uma triagem e esse protocolo tem que ser seguido. Então, se você vai lá com uma simples dor de cabeça, você pode ser atendido até 4 horas depois, esse é o protocolo. Protocolo internacional, que nós adotamos, mas geralmente atendemos antes. Nós priorizamos as urgências. Infelizmente no dia em que eles foram lá estava foi um dia bastante tumultuado”, diz.
Para Roslindo, uma das causas para a superlotação do Pronto Socorro seria devido as aglomerações que estão ocorrendo na cidade. “A grande parte da superlotação do Pronto Socorro é fruto das aglomerações, é desse pessoal que fica atrás da prefeitura e outros tantos locais de aglomeração, ali que está o grande foco de aglomeração, não é no comércio em si. Precisamos conscientizar a população. Nossa parte nós estamos fazendo”, explica.
O secretário revelou que a Prefeitura está atrás de outra empresa para a prestação de serviços médicos no Pronto Socorro. “Nós estamos contratando outra empresa, visto que, por inúmeras vezes temos cobrado a que aí está, mas os problemas persistiram. Eles vem aqui e mostram mais de 800 médicos relacionados e que eles estão tentando contratar, mas como eles não estão conseguindo, pedi para que contrate outra empresa. Já não depende mais de mim, porque já passei para o setor competente. Agora depende deles”, completa.
HOSPITAL DE CAMPANHA
Sobre o Hospital de Campanha, Roslindo disse que não é fácil, pois existe a falta de médicos e que o Pronto Socorro hoje estaria sendo utilizado como uma unidade de Campanha, já que vem atendendo pacientes com coronavírus.
“Muitos falam em Hospital de Campanha, o nosso existe e está lá no Pronto Socorro. Porque nós temos lá, mais de 25 pacientes internados. Lá não é lugar de internar esses pacientes, mas eles estão lá e sendo atendidos. Não podemos tirar de lá porque não temos médicos para isso, estamos tendo problemas para arrumar para o PS, imagine de colocarmos em outro local. Outro problema é a falta de recursos. Estamos trabalhando com pessoal reduzido, tem muitos que estão contaminados, então não existe como pôr em outro lugar. Outro ponto, se fosse fácil colocar um hospital de Campanha, o estado teria colocado”, explica.
Ele chegou a criticar, indiretamente, o prefeito de Coronel Macedo e presidente da Amvapa, José Roberto, popular Betinho, e o deputado Fernando Cury, que chegaram a ir atrás de um Hospital de Campanha em Avaré, mas que, até o momento, não conseguiram. “Teve um deputado da região, juntamente um prefeito, dizendo que iria trazer, mas já sumiu. Até mesmo representantes do Hospital Amaral Carvalho estiveram aqui, reunidos comigo e com o prefeito, para fazer uma sondagem para tocar o hospital de Campanha, mas também sumiram, desapareceram. Nosso hospital de Campanha existe e está dentro do Pronto Socorro, só que infelizmente não temos como tirar de lá”, lamenta.
Sobre a CPI instaurada para investigar a compra de quase R$ 1 milhão em sedativos, com suspeita de superfaturamento, Roslindo disse estar tranquilo. “Nós estamos tranquilos com relação a essa compra que foi feita. Hoje você não compra absolutamente nada a preço de tabela, não existe mais isso. É tudo preço acima da tabela, porém dentro daquilo que é possível. Estamos amparados, inclusive, por Lei Federal. A própria Santa Casa tem dificuldade em aquisição. Outra coisa, insumo se não compra pau no secretário, se compra abre CPI”, destaca.
Roslindo finalizou dizendo que mesmo com todas as dificuldades, todas as pessoas estão sendo atendidas na cidade. “Mais mesmo com todas as dificuldades, não perdemos nenhuma vida por falta de atendimento. Todos são atendidos”. (Matéria do site: www.avozdovale.com.br).
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