Henrique Mendes Lucarelli, 31 anos, é professor do Centro Paula Souza (Etec), com sedes em Ipaussu e Taquarituba, desde 2016. Filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), Professor Henrique é um notável nome na política farturense, sendo que na eleição de 2016, recebeu 512 votos, o que representou 5,20% dos votos válidos, o credenciando como terceiro vereador mais bem votado naquele pleito em Fartura. Entretanto, mesmo com essa expressiva votação, não foi eleito, pois seu partido à época, o PSOL, não atingiu o quociente eleitoral.
No início de maio desse ano, Henrique concedeu entrevista ao jornal Sudoeste do Estado e disponibilizou novamente seu nome como pré-candidato ao pleito agora em novembro, porém há alguns meses se afastou dos bastidores da política e nesta semana na convenção que selou a aliança com o PSDB e definiram os pré-candidatos a vereança pelo PDT, seu nome não estava na lista.
Nossa reportagem conversou com Henrique Lucarelli e ele revelou os motivos de não ser mais candidato nessas eleições, entre outros assuntos, confira.
Sudoeste do Estado - Qual o real motivo de sua desistência em disputar a eleição farturense para vereador em 2020?
Henrique Lucarelli - São vários motivos na realidade. Primeiro minha carreira profissional está me consumindo muito tempo, a pandemia fez uma mudança muito drástica nas escolas e ainda está fazendo. Ser coordenador e professor exigiu estudo e adaptação, isso me fez ficar longe da vida de militante partidário – o que levou ao segundo ponto. O meu projeto inicial político sempre foi acabar com essa disputa infantil entre vermelho e amarelo, mas o PDT, partido que eu estou filiado, foi por outro caminho, selando de vez minha impossibilidade de candidatura.
Sudoeste do Estado - Então a aliança com o PSDB teve peso na sua decisão?
Henrique Lucarelli - O caminho que nos levou a apoiar o PSDB sim. Sentamos e dialogamos com todas as correntes políticas de Fartura – ouvimos e falamos. Dentro do PDT, tínhamos um filiado que queria se aliar ao PSDB como vice na chapa, seu Pedro, ele apresentou sua proposta e ficou acertado de que elaboraríamos uma carta compromisso. Neste documento, além das possibilidades de gestão futura para a cidade, meu desejo era que o PSDB reconhecesse e se desculpasse por erros do passado. No meu entender somente com isso a nossa aproximação seria adequada. Afinal, eu não me vejo ao lado de quem acha correto o que foi feito com o Maryel Garbelotti, aquela perseguição e humilhação toda. Também não foi decente a atuação do PSDB na CPI do ônibus que pegou fogo ou nas votações para o salário de vereadores.
Sudoeste do Estado - Você pretende atuar nas eleições 2020, mesmo não sendo candidato? Se a resposta for sim, de qual maneira?
Henrique Lucarelli - Um professor sempre tem atuação política, todos, nos menores atos, têm atuação política. Ser gentil no cotidiano é uma ação política, recolher o lixo é uma ação política, ter responsabilidade pelas crianças e idosos é uma ação política. Logo, eu estou atuando na política desde sempre. Nas eleições desse ano, ao que me parece, a chapa de vereadores do PDT é a mais comprometida com uma política séria, de fiscalização e de ideais. Provavelmente é com eles que meu voto vai estar. Para prefeito, infelizmente, ainda não temos uma possibilidade que acabe com a divisão da cidade e tenha boas propostas políticas.
Sudoeste do Estado - Então você não vai votar em nenhuma das opções de candidatos a majoritária apresentada por enquanto em Fartura?
Henrique Lucarelli - Até o momento, ninguém me convenceu. Há quem ainda aposte na aliança com o PSDB como caminho da inovação, mas para isso acontecer os tucanos não podem ser os tucanos que nos conhecemos até hoje. Para eu mudar minha interpretação tenho que ver ação, proposta. Mas os sinais que vejo me indicam que tudo ficará como está. O que uma personalidade como o Ricardo Madalena (deputado estadual pelo PL) fazia na convenção se não a velha política? Dedo em riste, recados para adversários... Esses não são símbolos na paz que Fartura merece e precisa para prosperar.
Sudoeste do Estado - Você participou das eleições 2016 e obteve uma votação expressiva, porém não conseguiu se eleger, qual foi à falha do PSOL naquela eleição?
Henrique Lucarelli - Do PSOL, nenhuma. A falha é da lei eleitoral brasileira, que apesar de se basear no ideal de representatividade, ainda permite aberrações como foi o resultado das eleições de 2016. Ser candidato ou ter uma chapa é caro e burocrático, isso impede a novidade, dificulta a eleição de quem é crítico ao sistema.
Sudoeste do Estado - Você se arrepende de ter saído do PSOL para o PDT?
Henrique Lucarelli - Arrependimento é uma palavra muito forte. Havia possibilidades e limitações nos dois caminhos. O PSOL é eticamente o partido mais coerente no Brasil atual, mas não permite diálogo com outras legendas, o PDT é um partido mais aberto às possibilidades, tem trânsito. Foi uma escolha, não me arrependo. Como eu disse: uma pena que as circunstâncias não me permitiram ser um militante mais ativo...
Sudoeste do Estado - Você acredita em uma união entre os adversários políticos em Fartura ou em uma terceira via pra vencer as eleições no município?
Henrique Lucarelli - É triste, mas nesse ano de 2020 vejo essa possibilidade como nula. Nós tentamos fazer isso, Paulo do Banco do Brasil, eu e outras pessoas que sonham assim. A bola sempre batia na trave. Mas a esperança não acaba, esse ano o trabalho como professor e coordenador exigiu muito. Mas no futuro, eu e os demais podemos estar com as vidas arranjadas de outro modo, e teremos tempo para voltar a ocupar a política novamente.
Sudoeste do Estado - Faça as considerações finais.
Henrique Lucarelli - Em especial queria me dirigir ao eleitor e eleitora que pretendia votar em mim. A gente não perdeu nada, vamos seguir com a nossa autonomia, responsabilidade ética e estaremos atentos ao trabalho de qualquer um que seja eleito. Esse ano eu vou às urnas com duas premissas: as mulheres precisam participar da política, uma câmara com nove homens não representa a sociedade de Fartura. E não devemos reeleger ninguém, vereador que marca sessão escondida para votar o próprio salário tinha que ter vergonha de fazer campanha. Meu voto vai para quem poderá falar por mim de maneira justa, e não ser um carrasco do povo.