O homem de 28 anos que foi preso por matar as filhas de 5 e 6 anos em Taquarituba, no interior de São Paulo, disse à Polícia Civil que não se lembra das crianças. Segundo a delegada responsável pelo caso, Natanael de Lima alegou em depoimento que não conhecia as meninas e nem a ex-mulher.
"Fiquei bem chocada com a reação dele. Eu mostrei a foto das meninas e ele falou que não conhecia aquelas crianças, que não tem filhos, não tem ex-mulher e não esteve em Taquarituba. A última lembrança que ele tinha era de que estava trabalhando na roça", explica a delegada Camila Rosa Alves.
De acordo com a Polícia Militar, os pais de Natáli Heloá, de 5 anos, e Natanaeli Vitória, de 6, são separados, mas o homem havia passado a noite de segunda-feira (23) na casa da ex-companheira, no Jardim Santa Rita.
Já na manhã de terça (24), uma das filhas da mulher, enteada do suspeito, saiu para ir à escola, e as duas crianças mais novas ficariam com uma babá. Apesar disso, a PM informou que o pai das meninas dispensou a cuidadora e passou a manter as filhas em cárcere privado.
As crianças foram encontradas mortas no fim da tarde de terça (24), horas depois que o pai anunciou que estava mantendo as filhas reféns. Neste período, Natanael dizia às equipes que as crianças estavam amarradas dentro da casa e ameaçava explodir o imóvel caso alguém se aproximasse.
De acordo com a delegada Camila, a polícia apurou que Natanael estava separado da ex-mulher há nove meses e chegou a tentar a reatar o relacionamento com ela. No entanto, não houve uma discussão entre o casal antes do crime, informou a polícia.
"Ele visitava as crianças, tinha um bom relacionamento. As crianças tinham muito afeto por ele. Inclusive uma tia falou pra gente que, na segunda-feira, quando ele estava na casa das crianças, a 'menorzinha' ficava no colo dele o tempo todo. Era uma relação bem afetuosa, não esboçava comportamento violento com as crianças", relata.
A Polícia Civil afirmou ainda que Natanael já estava casado com outra mulher e não tinha mais vínculo amoroso com a mãe das meninas. Além disso, segundo a delegada, o homem não tem histórico de surto psicótico e nem estava fazendo tratamento psiquiátrico.
"As pessoas que conviviam com ele falaram que ele sempre teve um temperamento normal, que era trabalhador, responsável. Na casa não foi encontrada nenhuma substância ilícita e foi descartada a possibilidade de ele estar drogado. Foram encontradas quatro latinhas de cerveja e só", afirma Camila.
Crianças reféns
A Polícia Militar foi acionada para a casa das vítimas na manhã de terça-feira (24), depois que vizinhos sentiram cheiro de gás na região. Neste momento, Natanael anunciou às autoridades que estava mantendo as filhas reféns e os bombeiros detectaram que havia risco de explosão no local.
A ocorrência mobilizou a Polícia Militar, Polícia Civil, Samu, Corpo de Bombeiros e o Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), que chegou por volta das 16h e assumiu as negociações com o homem para a libertação das vítimas.
Conforme a polícia, durante a operação, um equipamento detectou que as duas crianças estavam na casa, mas não se movimentavam.
Como Natanael também não apresentava provas de que as meninas estavam vivas, a polícia decidiu entrar na casa no fim da tarde. Segundo a PM, houve uma brecha nas negociações quando o homem abriu a porta e foi imobilizado pelas equipes, com balas de borracha e aparelho de choque.
As duas meninas foram encontradas mortas com cortes no pescoço, uma na cama e a outra no chão do quarto, informaram os policiais. A casa estava revirada, com vários cacos de vidro espalhados, e Natanael estava armado com uma faca.
O homem foi preso em flagrante por duplo homicídio qualificado e, nesta quarta-feira (25), teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.
Luto
A morte das meninas Natáli Heloá e Natanaeli Vitória chocou os moradores de Taquarituba, cidade no interior de São Paulo que tem 23 mil habitantes.
A escola onde as crianças estudavam suspendeu as aulas nesta quarta-feira (25) e moradores encheram a fachada da casa onde ocorreu o crime com flores e bexigas brancas.
Nas redes sociais, vários moradores trocaram a foto de perfil em homenagem às vítimas, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de três dias.
Nesta quarta-feira (25), houve um funeral para as meninas em Taquarituba e o enterro foi feito em Chavantes, cidade natal da mãe das crianças.
Fonte: G1 Itapetininga e Região
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