Fogo deixou 20 feridos em Cesário Lange (SP), sendo que um músico morreu após 11 dias internado e quatro pessoas seguem hospitalizadas. À TV TEM, pai de bombeiro civil já havia comentado sobre falha nos artefatos pirotécnicos.
Três músicos que se apresentavam no dia do incêndio que deixou 20 feridos no Mavsa Resort, em Cesário Lange (SP), prestaram depoimento na delegacia nesta semana. Um deles contou à Polícia Civil que fogos de artifício atingiram o teto do salão de eventos antes do incêndio.
O incêndio aconteceu no dia 21 de fevereiro. Segundo o delegado Silvan Renosto, foram ouvidos nesta segunda-feira (7) o guitarrista, o baterista e a vocalista da Banda Arquivo.
Os outros dois integrantes do grupo ficaram feridos no incêndio, sendo que o tecladista morreu na sexta-feira (4) e o baixista seguia internado em um hospital de São Paulo até esta terça (8). Um bombeiro civil e um funcionário do resort também continuam hospitalizados.
O delegado explicou que os músicos foram ouvidos por quase quatro horas e puderam mostrar uma visão diferente do momento do incêndio, já que estavam em cima do palco quando o fogo começou.
No dia 25, bailarinos já haviam confirmado para a Polícia Civil que artefatos pirotécnicos foram utilizados durante o show no Mavsa Resort.
Depois, as investigações apontaram que um dos equipamentos que disparou os fogos de artifício funcionou de uma forma diferente no dia do incidente e, agora, um dos músicos afirmou à polícia que os fogos atingiram o teto do resort de luxo.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra parte do show momentos antes do fogo (assista acima). Cerca de 40 pessoas estavam no salão no momento do incidente.
De acordo com a Polícia Civil, os artistas disseram que os hóspedes foram retirados do local de forma tranquila e organizada assim que o incêndio começou. No entanto, os músicos saíram do local por conta própria e perceberam que o tecladista e o baixista demoraram mais para deixar o salão.
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À TV TEM, testemunhas contaram que os dois músicos tinham voltado ao salão para buscar os instrumentos, mas os demais integrantes da banda não souberam confirmar a versão à Polícia Civil.
Desde o início das investigações, 18 pessoas já foram ouvidas, e o delegado também aguarda o laudo da perícia para concluir se houve falha técnica ou humana, e responsabilizar os envolvidos.
O Ministério Público, através da Promotoria de Justiça de Cesário Lange, disse que também instaurou um inquérito civil para apurar o caso.
Já prefeitura de Cesário Lange informou que o Mavsa Resort é legalizado e tem todos os alvarás de funcionamento. A empresa disse que está colaborando com as investigações e prestando apoio às vítimas e familiares.
Vítimas
Depois do incêndio, 20 pessoas foram levadas para unidades de saúde de Cesário Lange e Tatuí (SP) com queimaduras e por terem inalado grande quantidade de fumaça.
Até esta terça-feira (8), quatro pessoas permaneciam internadas em hospitais da região. Na sexta (4), o tecladista Antone Roberto Camargo, de 43 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu em um hospital de Sorocaba depois de 11 dias internado.
Segundo a família, Antone teve queimaduras de 2º e 3º graus, que atingiram 60% do corpo. No último boletim hospitalar divulgado, a unidade informou que o músico estava com uma inflamação no pulmão e chegou passar por um processo de oxigenação para melhorar a saturação.
Em nota, o Mavsa Resort lamentou a morte do tecladista e disse que está prestando todo o apoio necessário aos familiares. O corpo de Antone foi enterrado no fim de semana em Alumínio.
Além do tecladista, o baixista da banda, Adriano Franklin, de 49 anos, também teve ferimentos graves. Ele seguia internado até esta terça-feira (8), assim como um funcionário do Mavsa Resort e o bombeiro civil Gabriel Lopes, de 22 anos.
Em entrevista à TV TEM, o pai de Gabriel disse que soube, por meio de um gestor do resort, que o fogo foi provocado pela falha em uma máquina que "lança fagulhas". O filho dele era o responsável por acionar o equipamento de pirotecnia.
"Um desses lançadores foi disparado mais alto e atingiu o forro. O fogo se espalhou e o teto do palco desabou. O Gabriel já tinha operado esse equipamento e reforço que ele não teve responsabilidade direta com o ocorrido. Ele simplesmente é designado, pela liderança dele, para fazer esse trabalho", conta Edivaldo Martini Ramos.
Edivaldo também disse que o filho teve 20% do corpo queimado ao tentar salvar as vítimas do fogo.
"Ele sofreu as queimaduras devido à ação dele, à atitude dele de tirar todo mundo do local. Até onde a gente conseguiu levantar as informações, ele ficou próximo ao fogo, no meio do fogo, para resgatar todo mundo, um por um", conta.
O Mavsa Resort informou que nenhum hóspede ficou ferido no incêndio.
Fonte: G1