Dupla realiza atividade em associação de equoterapia que é mantida por voluntários e atende de forma gratuita 30 pessoas com transtorno de espectro autista. Pacientes destacam benefícios.
A assistente social Karina Luzia de Oliveira descobriu na equoterapia uma esperança para ela e seu filho Miguel, de 12 anos, ambos diagnosticados com transtorno do espectro autista, em Avaré (SP). Os benefícios da atividade são oferecidos de forma gratuita, por meio de uma associação mantida por voluntários na cidade.
A equoterapia apresenta benefícios amplamente reconhecidos. No caso da mãe e do filho, que começaram com a prática em abril, eles são particularmente especiais, pois só encontrariam o tratamento em outra cidade, por meio de convênio ou medida judicial.
"Provavelmente, teria de arcar de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil por mês com sessões de equoterapia. E, no nosso caso, o custo seria em dobro", avaliou Karina, portadora de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), e diagnosticada com autismo nível 1, em janeiro.
Com o filho Miguel, diagnosticado com autismo nível 1 desde os três anos de idade, a assistente social é paciente da Associação Paulista de Equoterapia (Aspeq), fundada no ano passado e mantida por três voluntários em Avaré.
"É um projeto bacana. Eu conhecia antes, mas é realmente encantador quando estamos ali com os cavalos", disse Karina.
No caso dela e do filho, a equoterapia foi iniciada com indicação médica. Miguel também faz tratamento com outros especialistas, como fonoaudiólogo, psicólogo e terapeuta ocupacional.
Equoterapia - A equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo como agente de desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência ou necessidades especiais, conforme a Associação Nacional de Equoterapia.
A abordagem, que geralmente envolve profissionais de áreas diversas, como saúde, educação e equitação, promove benefícios físicos, psicológicos, sociais e educacionais.
"O método proporciona calmaria, alivia o nervoso do nosso dia-a-dia. No Miguel, percebi que ele está menos nervoso e impulsivo. E melhorou minha concentração", contou Karina.
Mas, para a assistente social, um dos melhores benefícios é que a atividade fortaleceu o vínculo afetivo entre ela e o filho.
A equoterapia envolve o paciente de maneira integral, contribuindo para desenvolvimento de força muscular, relaxamento e conscientização do próprio corpo, além aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio, conforme é descrito pela entidade nacional.
A interação com o cavalo, incluindo primeiros contatos, o ato de montar e o manuseio final, desenvolvem, ainda, novas formas de socialização e autoconfiança, ainda segundo a associação nacional.
Local concedido
Em Avaré, os voluntários conseguiram a cessão de uso de uma área dentro do Parque Dr. Fernando Cruz Pimentel, pertencente ao município.
O uso do espaço, concedido pela prefeitura, foi autorizado no fim do mês de junho pela Câmara dos Vereadores, e vale por um período de quatro anos, que pode ser prorrogado.
Em contrapartida, a associação se compromete em realizar os atendimentos de maneira gratuita e sem buscar lucro.
De acordo com a presidente e fundadora, a fisioterapeuta Sandra Goes, o custo com a manutenção das atividades é compartilhado entre ela e outros dois diretores técnicos, também fisioterapeutas. A associação organiza eventos em Avaré, como rifas, para arrecadar recursos.
"Se fosse fazer o projeto completo, com sete especialidades para 50 crianças, o custo mensal seria de R$ 50 mil", explicou a presidente.
Atualmente, a associação atende 30 pacientes, aos sábados, divididos em sistema de revezamento. Os animais, segundo ela, são de doações.
A presidente da associação ainda contou que as pessoas também doam saco de ração ou feno. "Mas isso é esporádico, não doam constantemente. Então, a associação é mantida por mim e pelos dois coordenadores técnicos. É assim que sobrevive hoje", destacou Sandra.
Por Mário Policeno, g1 Itapetininga e Região