Fiscalização aponta queda do inseto vetor, porém citricultores precisam corrigir falhas
Uma força-tarefa de fiscalização realizada em fevereiro nas regiões de Avaré, Itapeva e Mogi Mirim revelou um cenário duplo no combate ao HLB/Greening, doença que ameaça a citricultura. De um lado, a presença do inseto vetor, o psilídeo, diminuiu significativamente nos pomares em comparação com 2023 e 2024. Por outro, quase metade das propriedades fiscalizadas pelos assistentes agropecuários apresentaram falhas graves no manejo, comprometendo o controle da praga. É o que relata Danilo Romão, gerente do Programa Estadual de Pragas Quarentenárias Presentes (PEPQP) da Coordenadoria de Defesa Agropecuária, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA).
O HLB/Greening é a doença mais destrutiva da citricultura mundial, sem cura e de rápida disseminação. Causada por bactérias transmitidas pelo inseto psilídeo, a doença compromete o desenvolvimento das plantas, provoca queda prematura dos frutos e reduz drasticamente a produtividade dos pomares. No Brasil, maior produtor de laranjas do mundo, a doença representa uma ameaça econômica grave, exigindo vigilância constante e manejo rigoroso para evitar prejuízos irreversíveis ao setor.
Durante a operação, equipes formadas por engenheiros agrônomos e técnicos agropecuários da Defesa Agropecuária inspecionaram mais de 3 milhões de plantas de 48 propriedades das três regiões, com atenção especial a pomares com menos de oito anos de idade e à presença de ninfas do inseto. A operação resultou na emissão de 48 notificações e três autos de infração.
O diagnóstico preocupa: em quase 50% das propriedades, mais de 10% dos brotos tinham psilídeos, sinal de manejo inadequado e risco elevado de disseminação da doença. Romão, que é especialista na fiscalização, alerta que muitos produtores ainda não possuem informações adequadas ou não estão aplicando corretamente as práticas recomendadas. “É fundamental que esses citricultores procurem a assistência técnica oficial, como os assistentes agropecuários da CATI, para evitar que os erros comprometam suas plantações e as de vizinhos”, destacou.
Apesar dos desafios, há um avanço importante: a quantidade de psilídeos encontrados nos pomares caiu expressivamente em relação aos anos anteriores. Essa redução, segundo Romão, é reflexo de um trabalho conjunto intensificado em 2024. No entanto, ele reforça que a presença do inseto ainda representa um perigo, pois aumenta a transmissão do HLB/Greening dentro da própria propriedade e para pomares em áreas vizinhas.
Medidas essenciais - Para conter a doença, os assistentes agropecuários recomendam três medidas essenciais: a compra de mudas sadias de viveiros credenciados aos órgãos da Secretaria de Agricultura, a erradicação de plantas sintomáticas em pomares com menos de oito anos e um controle rigoroso do psilídeo. Sem esse manejo eficiente, o HLB/Greening pode continuar avançando, colocando em risco uma das principais cadeias produtivas do agronegócio brasileiro.
O Estado de São Paulo conta com o Programa Estadual de Pragas Quarentenárias Presentes, criado com o objetivo de monitorar e propor ações para reduzir a disseminação das pragas quarentenárias no Brasil com ocorrência em território paulista. Para tanto, procura integrar os diversos elos das cadeias produtivas dos citros e da banana, tendo em vista a importância dessas culturas para o Estado. O trabalho visa a sustentabilidade sanitária dessas culturas, utilizando como ferramenta ações de fiscalização que acompanham desde a produção das mudas até a comercialização dos frutos in natura.
Os assistentes agropecuários têm um papel fundamental no combate ao greening, orientando os citricultores sobre as melhores práticas de manejo e fiscalizando o cumprimento das medidas de controle. Segundo o presidente da Associação dos Assistentes Agropecuários do Estado de São Paulo (Agroesp), Victor Branco de Araújo, o trabalho da fiscalização aliado ao de assistência técnica é essencial para evitar que produtores cometam erros no manejo e acabem favorecendo a disseminação da doença. “Precisamos de capacitação e estrutura para ampliar a fiscalização e garantir a sustentabilidade da citricultura no Estado", finaliza.
Crédito das fotos: Divulgação/Coordenadoria de Defesa Agropecuária