Uma família de Piraju registrou um boletim de ocorrência contra um médico que teria se negado a atender uma criança, de 2 anos, com paralisia cerebral e diagnosticada com Covid-19.
O caso aconteceu na segunda-feira (10), após Maria Sophia Alves apresentar sintomas gripais e procurar atendimento na Unidade de Saúde da Família (USF) do bairro São Pedro.
A mãe da criança, Vanessa Alves, contou ao G1 que percebeu que a filha estava doente e que a levou ao Pronto Socorro de Piraju, no domingo (9). Como a unidade não realizava testes, no dia seguinte, a menina foi encaminha à USF.
“Sophia fez o teste de manhã e, apesar da rapidez para sair o resultado, o doutor abordou meu marido no corredor e pediu um raio-x dela. Nem chegou a examiná-la. A partir daí, já comecei a achar estranho o comportamento, mas seguimos a orientação”, contou a mãe de Sophia.
Segundo Vanessa, após realizar o procedimento, a família voltou à USF. No entanto, apesar de seguir as orientações, o médico se recusou a atender Sophia.
“Esse doutor saiu da sala e disse que não ia atender Sophia, mesmo com ela ‘ardendo’ em febre e bastante abatida. Quando eu questionei, ele disse que estava atendendo outras pessoas e gestantes. Eu me senti impotente ao ver minha filha daquela forma e não poder fazer nada”, desabafou Vanessa.
Durante o desentendimento, a Polícia Militar foi acionada e tentou convencer o médico a realizar a consulta, mas não teve sucesso. O médico foi conduzido à delegacia, onde foi registrado um boletim de ocorrência por omissão de socorro.
Ao G1, Vanessa contou que a filha conseguiu um encaminhamento ao hospital municipal, onde foi atendida e medicada. Segundo ela, Sophia passa bem.
INVESTIGAÇÃO
De acordo com a Polícia Civil, os PMs que atenderam a ocorrência disseram que o posto estava vazio e que só levaram o médico à delegacia porque ele se negou a atender a criança, mesmo depois da insistência dos policiais.
O G1 tentou contato com o médico, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Para a Polícia Civil, ele disse que estava atendendo gestantes e, por isso, não atendeu a bebê. O médico também contou, em depoimento, que forneceu à família um encaminhamento ao hospital de Piraju.
Após ser ouvido, o médico foi liberado. A polícia informou que ainda vai ouvir a família, depois que a mãe e a bebê terminarem o período de isolamento social, assim como funcionários do posto de saúde que estavam no local no dia do ocorrido.
Já a prefeitura de Piraju informou que está ciente da denúncia e que o Departamento de Saúde está apurando o caso.
“O médico continua atendendo enquanto os fatos estão sendo apurados. O departamento afirma ainda que não medirá esforços para que tudo seja esclarecido e as devidas punições, caso necessárias, sejam aplicadas”, completou a prefeitura.
Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) informou que ainda não tinha sido notificado oficialmente sobre o caso, mas que irá investigar a situação, sob sigilo determinado por lei.
(Matéria do G1)
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