Ana Clara sofreu acidente há mais de três meses e teve o cérebro afetado pela falta de oxigênio, perdendo os movimentos
A família da bebê de 1 ano que se afogou em um balde com água, em Piraju (SP), decidiu registrar um boletim de ocorrência para investigar o caso, quase três meses após o acidente.
Ao G1, o pai da menina, Paulo Roberto Ramos Andrade, explicou que quer saber se houve problemas no socorro da filha, seja por parte da babá que estava com ela na hora do acidente ou dos profissionais que fizeram os primeiros atendimentos.
"Decidimos abrir o BO porque queremos saber realmente o que aconteceu. Nós queremos saber se foi o hospital que errou ou se foi a babá", afirma Paulo.
Ana Clara Silveira Andrade se afogou no dia 29 de junho, enquanto estava com a babá, que tem uma espécie de creche na casa dela e toma conta de várias crianças em Piraju.
O pai da bebê contou que, por um descuido, a babá saiu para alimentar outra criança e Ana Clara caiu dentro de um balde com água. Ela foi socorrida, mas chegou ao pronto-socorro da cidade com um quadro de parada cardiorrespiratória.
O médico que atendeu Ana Clara em Piraju disse ao G1 que ela ficou desacordada por cerca de 15 minutos até ser reanimada. Depois, ela foi transferida ao HC de Botucatu, onde ficou por quase um mês na UTI.
"Eu acredito que, quando aconteceu o acidente, a babá tentou fazer massagem para salvar e, vendo que isso não aconteceu, levou a Ana para o hospital. Levou primeiro para um posto que tinha do lado casa, aí foram acionados os bombeiros que a levaram para o hospital. Tudo isso demorou cerca de uma hora", relata o pai.
SEQUELAS
A família contou que, por conta do acidente, a bebê teve o cérebro afetado pela falta de oxigênio e ficou com uma série de sequelas, como a falta de movimento. Ela teve alta no dia 16 de agosto do Hospital das Clínicas de Botucatu, onde ficou internada por 48 dias e passou por duas cirurgias.
Durante o período de internação, Ana Clara teve que fazer uma traqueostomia para ajudá-la a respirar e uma gastrostomia para se alimentar por meio de uma sonda. Os movimentos foram perdidos e, segundo os médicos informaram aos pais, as sequelas serão para toda a vida.
Agora, com a menina em casa, os pais de Ana Clara estão arrecadando doações para comprar remédios, fraldas e leite para alimentação enteral. O casal também está em busca de ajuda jurídica para verificar se a bebê tem direito a algum benefício do governo.
De acordo com a Polícia Civil de Piraju, um boletim de ocorrência sobre o caso foi registrado por lesão corporal no último dia 21. Com isso, o delegado solicitou todo o prontuário médico da bebê para dar início às investigações.
Para a mãe, Ana Clara é "uma guerreira" e "nasceu duas vezes, pois ficou praticamente uma hora morta".
"A gente espera a recuperação total dela. Pelos médicos, ela não vai mexer nunca, mas eu creio que Deus está preparando algo para ela. Ele é o médico dos médicos, vamos confiar só nele", disse Alessandra Aparecida Silveira Andrade.
Inicialmente, a família também informou que não pretendia tomar medidas em relação à babá, pois acidentes acontecem. Apesar disso, os pais de Ana Clara explicaram que pediram ajuda para a mulher com os custos do tratamento da menina, mas não tiveram retorno. O G1 não conseguiu contato com a babá. (Matéria do site G1)