Polícia Civil de Buri (SP) informou que trabalhadores tentaram retornar à cidade de origem, mas foram impedidos pela dona da fazenda.
A família resgatada em situação análoga à escravidão de uma fazenda produtora de leite, em Buri (SP), relatou que foi transportada à propriedade dentro de um caminhão baú, sem qualquer tipo de ventilação e segurança.
Dois rapazes, uma jovem e os três filhos dela, incluindo um bebê, foram atraídos com a promessa de salário e habitação. A proprietária havia afirmado ainda que pagaria os custos da mudança, mas passou a cobrá-los.
"Salário bom, promessa de moradia, água e comida. Quem não vai? Eles foram pra lá na esperança de uma vida melhor, mas foram tratados como animais, como mercadorias. É desumano colocar uma família com um bebê dentro de um caminhão de frete. Nunca pensei que isso pudesse acontecer com a gente", desabafou a mãe e avó das vítimas, dona Elaine Cunha.
Apesar da precariedade do transporte, com sonho de ter uma condição de vida melhor, a família de Piraju aceitou seguir viagem até a fazenda. Porém, ao chegar no local, se deparou com uma situação ainda pior.
As vítimas foram mantidas dentro de uma casa afastada da cidade. Por lá, não havia móveis e eletrodomésticos. Apenas colchões, uma televisão e um fogão a lenha. A dona da fazenda teria ainda cortado o fornecimento de água e os impedido de deixar a propriedade.
Com o apoio de dona Elaine, mãe e avó das vítimas, que conseguiu se comunicar por meio de um aplicativo de mensagens, a família denunciou o caso à polícia. A operação foi deflagrada nesta quarta-feira (15).
Equipes policiais periciaram o local e levaram as vítimas até o Fundo Social da cidade, onde foram abrigadas. A dona da fazenda foi intimada a prestar depoimento e a ocorrência foi apresentada à Justiça Federal.
“Passei horas achando que tinha perdido metade da minha família. Uma mãe nunca deve passar por isso. Receber a mensagem da minha filha foi um alívio. Não podia deixar continuar, por isso, procurei os jornais e a polícia. A gente não deve acreditar em qualquer promessa. Foram dias terríveis, mas fogo eles tão de volta", afirmou Elaine.
Defesa
Por telefone, a dona da fazenda justificou que contratou um caminhão de mudanças, pois a família, que é de Piraju, teria implorado pelo emprego. Ela alega, ainda, que comprou alimentos para suprir os trabalhadores até o pagamento do primeiro salário.
De acordo com a proprietária, a família chegou no dia 10 de março e teriam trabalhado nos dias 11 e 12. E depois, teriam dito que não se adaptaram ao serviço e queriam voltar para Piraju.
A responsável também disse que não os impediu de sair da propriedade, mas avisou que não seria justo eles irem embora sem trabalhar para cobrir pelo menos os gastos que ela teve em trazê-los.
Em relação à situação da casa, ela informou que oferece todos os imóveis das propriedades aos trabalhadores sem custo, mas que os móveis são de responsabilidade deles e, que no caso da família de Piraju, eles não trouxeram móveis
Informações: G1 Itapetininga e Região