Nesta terça-feira, 6 de outubro, 14 pessoas foram presas em uma operação da Polícia Civil, contra uma quadrilha suspeita de envolvimento na venda de cirurgias bariátricas, realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba.
Entre os presos estão dois médicos, técnicos de enfermagem, donos de pousadas, aliciadores, um auditor fiscal da uma regional da Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa), em Curitiba, e um ex-vereador de Taquarituba.
De acordo com as investigações, os suspeitos furavam a fila de espera pela cirurgia, com a ajuda de várias pessoas envolvidas, e lucraram mais de R$ 10 milhões com a venda dos procedimentos.
Além dos 14 presos, mais três pessoas também foram detidas em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. Trinta e cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos na operação.
“Esse esquema é investigado há muitos anos. Nós temos informações de denúncias já a partir de 2017 e acredito que agora apareçam mais”, afirmou o delegado Thiago Nóbrega. Ele disse que as denúncias partiram de alguns pacientes e do Ministério Público do Paraná (MP-PR).
COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA
Conforme as investigações, o grupo criminoso entrava em contato com pessoas interessadas pela cirurgia por meio de redes sociais ou indicações. Os pacientes, muitas vezes, estavam aguardando há anos na fila para serem operados pelo SUS e acabavam aceitando pagar até R$ 3 mil pelas cirurgias, que deveriam ser gratuitas, ainda conforme a Polícia Civil.
As investigações apontam ainda que a quadrilha conseguiria receber em duplicidade os valores pagos pelo SUS ao hospital pelas bariátricas.
Os suspeitos são investigados por organização criminosa, extorsão, falsidade ideológica, uso de documento falso e concussão.
O OUTRO LADO
Em nota, o Hospital Angelina Caron disse que não realiza qualquer tipo de cobrança de paciente para os procedimentos feitos pelo SUS.
“As denúncias acerca desse tipo de fraude têm recebido a atenção do HAC, que também é vítima de eventuais ilegalidades praticadas por pessoas que prometam agilizar o atendimento mediante pagamento, enganando e aproveitando-se de pacientes”, diz a nota.
O hospital realizou dois boletins de ocorrência na Delegacia de Polícia de Campina Grande do Sul, em maio de 2019 e em janeiro de 2020, sobre denúncias recebidas acerca de cobrança e privilégio de atendimento em caso de paciente candidato a cirurgia bariátrica. “O hospital está e sempre esteve à disposição das autoridades, não tendo recebido qualquer notificação em processo aberto para apurar práticas ilegais que envolvam seus colaboradores”, diz a nota.
A Sesa disse que lamenta que práticas irregulares e distorcidas no atendimento do sistema público de saúde ainda aconteçam e que vai colaborar no esclarecimento dos fatos.
A secretaria de Saúde disse ainda que abriu procedimento interno para apurar possíveis ilegalidades e que se for comprovado qualquer irregularidade, os envolvidos sejam responsabilizados.
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