O Dr. Paulo Sergio Lopes, médico gastroenterologista e nosso colunista, foi aprovado para professor na Univasf, importante Universidade Federal, localizada no Vale do Rio S. Francisco. A matéria a lecionar será Semiologia
A semiologia médica é a área do conhecimento que dedica sua atenção aos sinais e sintomas apresentados pelos pacientes.
Além dos sintomas expressados verbalmente, os estudantes de Medicina precisam observar os sinais não-verbais. Isso é fundamental para compor o diagnóstico do paciente da melhor forma durante o exame físico.
A semiologia também lida com os exames que confirmam o diagnóstico.
“A Univasf está numa região importante para o Brasil, pois é um local que precisa de médicos bem formados e de alto nível. Fico contente em dar uma contribuição para formar jovens, em especial na área de Semiologia, que é uma matéria fundamental para o médico. Saber atender um paciente e ter as informações para o diagnóstico correto é uma necessidade para todos os médicos”, destaca Dr. Paulo.
Como em outras vezes que nosso colunista conversou conosco, Dr. Paulo preferiu falar pouco de si. E se concentrou em explicar sobre Semiologia e sua importância para atender bem aos pacientes.
“É quase filosófico. Um médico precisa do histórico clínico feito com muita atenção. Ele tem que saber detalhes da doença, mas especialmente detalhes do paciente. Por exemplo, é muito importante conhecer as doenças anteriores, internações, cirurgias, hábitos ruins (álcool e fumo), alergias, e as medicações em uso. Eu mesmo já fui atendido por médicos que não se preocuparam em saber se uso medicações. Sem saber isso, uma prescrição pode sair equivocada, quando se dá medicamentos que podem interagir com os que já estão em uso.
Um bom médico saberá pelo menos mais quatro ou cinco dados importantes. Por exemplo: qual a incidência de câncer na família. Em Gastroenterologia, temos que saber no mínimo se houve câncer de estômago e de intestino. Isso para dar uma orientação ou mesmo fazer exames preventivos. Lembro-me de casos em que o paciente me procurou para uma consulta de rotina, e com a prevenção de câncer consegui fazer com que essa pessoa tivesse um diagnóstico precoce, com altos índices de cura. Se consigo salvar alguém de um câncer que estava por acontecer, digo que não ganhei só o dia. Ganhei o mês e o ano, num sentido espiritual. E tudo isso veio de onde? De uma consulta bem-feita, usando a semiologia. Se eu puder passar isso para os jovens, estarei feliz, explica o médico.
Um entusiasta das consultas de alto nível, o Dr. Paulo prossegue dizendo que: “conforme os anos de clínica sucedem, sabemos que mais alguns fatores também ajudam para uma boa consulta. Por exemplo, ter uma ideia, mesmo que básica da situação nutricional e emocional do paciente. A parte nutricional nos mostra, por exemplo, se um paciente é obeso, ou tem anemia carencial. Por outro lado, sabe-se cada vez mais que as doenças acontecem em pessoas com problemas emocionais. Com o passar do tempo diagnosticamos ansiedade e depressão em nossos pacientes, com certa facilidade. E isso influencia o diagnóstico e o tratamento da doença principal. Por exemplo, uma pessoa ansiosa tem uma tendência a aumentar, exagerar o que sente. E a depressão está ligada a várias doenças em todo o organismo. O bom médico percebe isso, e toma as medidas adequadas”.
Ele ainda continua frisando que: “quero ensinar aos médicos jovens o quanto a atenção ao paciente é importante. Se o paciente e seus familiares percebem que o médico está interessado em seu caso e lhe dá atenção, temos boa parte do problema resolvido. Em 36 anos de clínica, vendo pacientes aqui e fora do país, percebi que todos querem atenção de seus médicos. Não há paciente que não goste disso. Ele precisa do profissional que lhe pergunte com detalhe, receba as respostas com paciência e ao mesmo tempo mantenha o olho-no-olho, a atitude receptiva. Sem um ótimo relacionamento médico/paciente/familiares não há a Medicina de alto nível, que todos queremos”, conclui. Dr. Paulo.
QUEM É O MÉDICO
Formado há 36 anos o Dr. Paulo foi ligado á USP. Após isso fez pós-graduação nas Universidadesde Harvard (32 Prêmios Nobel de Medicina) e Johns Hopkins (64 Prêmios Nobel de Medicina), além de ter sido Visiting Scholar em Yale.
Ao voltar ao Brasil não se dedicou só a clínica privada, mas optou por ligar-se á filantropia, fazendo atividades no interior de São Paulo e Paraná. Mais recentemente passou a fazer atendimento no Sertão, levando sua especialidade a um público muito carente.
Educado e gentil, nos disse: “não sei por que me foi dada a possibilidade de ajudar a essas pessoas. Mas sou médico por gostar, e me sinto abençoado por isso”.
Médico carismático, na clínica privada recebeu 99.8% de respostas positivas sobre seu atendimento (duas pessoas deixaram em branco). E teve abaixo-assinados para que ficasse atendendo em cidades (1990, 2014 e 2019).