Quase todos os dias me perguntam: “tenho queimação, será que estou com gastrite?” ou “meu estômago dói, será que tenho gastrite”? Ou ainda: “como trato minha gastrite? Isso acontece por que a gastrite é muito comum. Além de comum, pode ser perigosa. E pode levar a complicações.
Como Gastroenterologista e Endoscopista da velha geração já tratei milhares de gastrites. E aprendi que o tratamento deve ser totalmente personalizado, inclusive na dieta.
Também ouço bastante perguntas sobre o pretenso poder de cura do suco de limão, espinheira santa e muitos outros. Infelizmente isso são só crendices, espalhadas com rapidez na Internet. Procuro esclarecer o assunto mais uma vez, com dados de minha prática clínica, do National Institutes of Health (Estados Unidos) e da Escola Européia. É claro que um tema tão amplo não pode ser abordado totalmente em poucas linhas.
Gastrite, de modo amplo, é a inflamação da mucosa (parte interna) do estômago. A gastrite pode ser aguda (dura pouco tempo, início recente) ou crônica (dura muito tempo ou mesmo a vida inteira). Hoje falamos sobre as gastrites crônicas. A maior parte das gastrites crônicas acontece pela infecção pela bactéria Helicobacter pylori. Essa bactéria é transmissível. Muitas medicações, especialmente anti-inflamatórios, ácido acetil- salicílico e corticóides podem causar gastrites. Causas autoimunes também podem levar à gastrite. Há ainda causas raras como após certas cirurgias de estômago, e em pacientes com doenças graves, uso de álcool, drogas, etc. Diferentemente da crença popular, não foram identificados alimentos que causem gastrite crônica. Há alimentos que provocam sintomas, mas não causam a gastrite.
1. Quais os sintomas das gastrites?
Dor abdominal é o sintoma mais comum. Muitas vezes a dor é acima ou em torno do umbigo. Pode haver náuseas (enjoo) e mesmo vômitos. Muitos pacientes tem sensação de peso no estômago ou saciedade precoce. Eles nos dizem: “Doutor, comi pouco, mas parece que comi um boi”. Mas ter esses sintomas não significa ter gastrite. Há muitas outras causas que também levam a eles. O bom Médico saberá como avaliar os sintomas. Em certas gastrites pode haver anemia por deficiência de vitamina B12. Um médico qualificado saberá avaliar um caso de gastrite associada à anemia por deficiência de B12. Mas é preciso boa formação aliada à experiência. Vômitos com sangue ou fezes muito escuras/pretas revelam sangramento digestivo. Esta é uma situação séria, que requer rápido atendimento médico. O sangramento pode vir, entre muitas outras causas, da gastrite. Novamente, o bom Médico saberá como verificar e analisar esses sintomas, e dar o devido valor aos mesmos.
2. Como é feito o diagnóstico?
Após a avaliação clínica atenta e detalhada, o médico(a) poderá fazer exames. A Endoscopia é o exame mais frequente. Ela permite ver o esôfago, estômago e duodeno de forma rápida e segura. Durante a Endoscopia verificamos a presença de H. pylori. Além disso, teremos o diagnóstico exato e poderemos saber se há outras doenças, como por exemplo, esofagite, hérnia de hiato, duodenite, pólipos e até câncer. Uma endoscopia de alta qualidade permite até mesmo ver câncer de estômago em fase precoce. Isso salva vidas. Mas para fazê-la com alta qualidade é preciso um médico de excelente formação, experiente e de preferência com Títulos de Especialista.
3. Tenho medo da Endoscopia. O que faço?
As Endoscopias são rápidas e seguras. Não precisa ter medo. Mas é claro que, como tudo na boa Medicina, o exame e o bom diagnóstico dependem da qualidade do Médico que a faz. O mais importante na Endoscopia não é a quantidade de fotos ou a beleza do local que a faz. A experiência e qualidade do Médico é o mais importante. As vezes falo para meus pacientes: fazer um local bonito depende de tijolos. Tirar fotos é fácil. O difícil é formar um Médico de alta qualidade. E mais difícil ainda é acumular experiência para ser um bom Endoscopista. Isso leva muitos anos.
4. E o tratamento da gastrite?
Como sempre, o tratamento é personalizado. Trata-se a causa da gastrite. O grande Professor Osler ensinava que o bom médico trata a doença, mas o grande médico trata o doente.
5. Como achar um bom Médico que cuide das gastrites?
Em todos esses anos aprendi que a confiança do paciente e familiares no Médico é fundamental. E como vem a confiança? Os fatores são múltiplos, e muitas vezes mais fáceis de sentir que analisar. Todavia, a confiança se forma quando os pacientes e familiares percebem boa formação médica, atenção e vontade de ajudar. Claro que o interesse no paciente demonstrado pela escuta atenta dos problemas, pelo diagnóstico bem feito e pela segurança demonstrada também levam à confiança. O bom Médico entende os problemas emocionais, que são muito comuns nas gastrites. E leva em consideração esses problemas no tratamento. Forma-se um vínculo que, uma aliança em que o Médico e o paciente contribuem para a promoção da Saúde. Esse vínculo muitas vezes perdura por anos, e às vezes até por gerações de uma mesma família, atendidas por um mesmo médico.
Consultoria- Prof. Dr. Paulo S Lopes - CRM 56402 Médico Gastroenterologista e endoscopista. Recebeu Bolsa de Estudos do Governo do Japão para Doutorado na Tokyo Medical University . Fez Pós Graduação nas Universidades de Harvard e Johns Hopkins- Estados Unidos, onde foi ligado também ao Centro de Prevenção do Câncer da ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, Nova Iorque. Também especializou-se em Prevençâo de Câncer de Estomago nas Universidades de Santiago e Concepcion, Chile. Foi Visiting Scholar em Yale, Estados Unidos. Tem Títulos de Especialista. O Dr. Paulo recebeu 5 Premios no Brasil. Atualmente dedica-se a Atividades Filantrópicas em S. Paulo e Paraná, além da prática clínica.
Muito importante: Estas notas , mesmo acuradas, jamais substituirão a avaliação médica. Nossa recomendação para pessoas com os problemas descritos é de serem avaliadas por profissionais de sua confiança.Temos apenas o desejo de oferecer orientação, embora genérica.
Ao escrever, colocamos situações hipotéticas, embora comuns. Imaginamos a presença de profissionais e recursos de alto nível.Não conhecemos , contudo, em detalhes a realidade de cada município dos leitores. Quando nos referimos á médico, no masculino, referimo-nos igualmente ás médicas mulheres, só omitidas ali por questão de espaço.
Não recomendamos diagnósticos ou tratamentos, e muito menos profissionais por esta coluna. A informação, mesmo cientificamente acurada, é genérica e não se aplica a casos individuais. Não queremos substituir a avaliação médica atenta, individualizada e específica.
Contato com a coluna: abea.filantropia@gmail.com
Por motivos Éticos não opinamos sobre casos individuais muito menos comentamos sobre condutas de outros profissionais.