Quase todos os dias, na prática clínica, nas minhas atividades de ensino e atividades do Interior, perguntam-me se uma pessoa muito tensa vai ter gastrite.
As causas das gastrites na realidade são outras. Mas o bom Médico reconhece a importância dos fatores emocionais na modulação da dor associada ás gastrites. Há pacientes com gastrites muito discretas á Endoscopia, mas que nos referem dor intensa.
Perguntam-me muito sobre as dietas e se vai ser preciso fazer uma dieta rigorosa “para a vida inteira”. Procuro responder a minha opinião sobre isso.
E me perguntam muito como encontrar um bom Médico que trate com competência os pacientes com gastrite. Dou minha opinião.
Ressalvo que é impossível abordar todos os pontos de uma doença complexa em poucas linhas.
Gastrite, de modo amplo, é a inflamação da mucosa(parte interna) do estomago. A gastrite pode ser aguda(dura pouco tempo, início recente) ou crônica(dura muito tempo ou mesmo a vida inteira). Hoje falamos sobre as gastrites crônicas. A maior parte das gastrites crônicas acontece pela infecção pela bactéria Helicobacter pylori. Essa bactéria é transmissível.
Muitas medicações, especialmente anti-inflamatórios, ácido acetil- salicílico e corticoides podem causar gastrites.
Causas autoimunes também podem levar à gastrite. Há ainda causas raras como após certas cirurgias de estomago, e em pacientes com doenças graves, uso de álcool, drogas, etc. Diferentemente da crença popular, não foram identificados alimentos que causem gastrite crônica.
1. Quais os sintomas das gastrites ?
Dor abdominal é o sintoma mais comum. Pode haver náuseas (enjoo) e mesmo vômitos. Muitos pacientes tem sensação de peso no estomago ou saciedade precoce. Eles nos dizem: “Doutor, comi pouco, mas parece que comi um boi”. Mas ter esses sintomas não significa ter gastrite. Há muitas outras causas que também levam a eles. O bom Médico saberá́ como avaliar os sintomas.
Vômitos com sangue ou fezes muito escuras/pretas revelam sangramento digestivo. Esta é uma situação séria, que requer rápido atendimento médico. O sangramento pode vir, entre muitas outras causas, da gastrite. Novamente, o bom Médico saberá como verificar e analisar esses sintomas, e dar o devido valor aos mesmos.
2. Como é feito o diagnóstico?
Após a avaliação clínica detalhada, o médico poderá́ fazer exames. A Endoscopia é o exame mais útil. Ele permite ver o esôfago, estomago e duodeno de forma rápida e segura. Durante a Endoscopia verificamos a presença de H. pylori. Além disso, teremos o diagnóstico exato e poderemos saber se há outras doenças, como por exemplo esofagite, hérnia de hiato, duodenite, pólipos e até câncer. Uma endoscopia de alta qualidade permite até mesmo verificar câncer de estomago em fase precoce. Isso salva vidas. Mas para fazê-la com alta qualidade é preciso um médico de excelente formação, experiente e de preferência com Títulos de Especialista.
3. Eu sou nervoso, vou ter ás gastrite?
Não se comprovou associação entre nervosismo/ansiedade e gastrites. Contudo, na prática clinica vemos muitos pacientes ansiosos que tem quadros muito semelhantes ao da gastrite e com Endoscopias normais, ou com gastrite leve. Há pacientes ansiosos com gastrite leve que nos referem ter dor intensa. É provável que fatores emocionais ampliem a dor e outros sintomas das gastrites. Embora isso seja uma discussão acadêmica, o bom Médico percebe as influências emocionais nas doenças de seus pacientes, e toma as medidas necessárias. O bom Médico entende e valoriza os fatores emocionais em seus pacientes.
4. E o tratamento?
Como sempre, o tratamento é personalizado. O famoso Osler dizia que o bom médico trata a doença, mas o grande médico trata o doente.
5. Vou ter que fazer dieta rigorosa para o resto da vida?
A minha opinião é que as dietas podem ser relativamente liberais. Mas sempre recomendo abstinência de fumo e álcool. É muito importante personalizar a dieta. Por exemplo: não vejo sentido em “proibir para sempre” determinado alimento que não cause sintomas. Nem acho razoável sugerir a uma moça jovem que se abstenha “para sempre” do chocolate, ou sugerir a alguém que nunca mais tome café. Entendo que isso não seria factível. Mas minha recomendação é que os pacientes sigam a orientação de seus médicos.
6. Como achar um bom Médico que cuide das gastrites?
Em muitos anos cuidando de gastrites aprendi que a confiança do paciente e familiares no Médico é fundamental. E como vem a confiança?
Os fatores são múltiplos, e muitas vezes mais fáceis de sentir que analisar. Contudo, a confiança se forma quando os pacientes e familiares percebem boa formação médica, aliada á atenção e vontade de ajudar. Claro que o interesse no paciente, demonstrado pela escuta atenta dos problemas, do diagnóstico bem feito e pela segurança demonstrada também levam á confiança. Forma-se um vínculo que, modernamente, se considera uma aliança em que o Médico e o paciente contribuem para a promoção da Saúde. Esse vínculo muitas vezes perdura por anos, e as vezes até por gerações de uma mesma família, atendidas por um mesmo médico.
Consultoria - Prof. Dr. Paulo S. Lopes - CRM 56402 Médico Gastroenterologista e endoscopista. Tem 33 anos de experiência. Recebeu Bolsa de Estudos do Governo do Japão para Doutorado (PhD) na Tokyo Medical University. Fez Pós Graduação nas Universidade de Harvard e Johns Hopkins - Estados Unidos, Foi ligado também ao Centro de Prevenção do Câncer da ORGANIZAÇÃO MUN DIAL DE SAÚDE, Nova Iorque. Foi Visiting Scholar em Yale. Tem Títulos de Especialista. O Dr. Paulo recebeu 5 Prêmios no Brasil. Atualmente, além de sua prática médica, dedica-se a Atividades Filantrópicas nos Estados de S. Paulo e Paraná.
Muito importante: Estas notas, mesmo acuradas, jamais substituirão a avaliação médica. Nossa recomendação para pessoas com os problemas descritos é serem avaliadas por profissionais de sua confiança. Temos apenas o desejo de oferecer orientação, embora genéricas.
Ao escrever, colocamos situações hipotéticas, embora comuns. Imaginamos a presença de profissionais e recursos de alto nível. Porém não conhecemos, em geral, a realidade das localidades dos nossos leitores. Quando nos referimos á médico, no masculino, referimo-nos igualmente às médicas mulheres, só omitidas ali por questão de espaço.
Não recomendamos diagnósticos ou tratamentos, e muito menos profissionais por esta coluna. Quando emitimos opinião em dietas ou outros assuntos esta deve ser vista apenas como opinião pessoal e nunca como recomendação individual. A informação, mesmo cientificamente acurada, é genérica e não se aplica a casos individuais. Não queremos substituir a avaliação médica atenta, individualizada e específica.