São publicações de jornal de grande circulação, de histórias que me contaram e de causos que um dia acontecera.
A Folha de São Paulo de 31 próximo passado, artigo do Dimenstein, na página Cotidiano, faz a seguinte pergunta: O que você não vai ser quando crescer ? A resposta foi estarrecedora: Apenas 2% querem ser professores!!! A pesquisa foi idealizada pela Fundação Carlos Chagas e integra um relatório sobre a atividade da carreira de professor, focada apenas em jovens que estão concluindo o ensino médio e decidindo sua carreira.
O artigo precisa ser lido pelas nossas autoridades; antigamente o professor era respeitado , tinha o mesmo status do promotor, do juiz que chegavam a cidade , hoje ... coitado do professor. O artigo continua, afirma que 55% das vagas de pedagogia não são preenchidas, há no país um déficit de 700 mil professores no ensino médio e nos anos finais do fundamental. O Ferreira Gullar no mesmo jornal, no mesmo dia conta Casos e Acasos. . . um deles, que não só é picante e gostoso , corno também mostra o nosso fabuloso arquivo de pequenos e interessantes episódios do dia a dia.
O compositor Geraldo das Neves era conhecido corno Brechó e sabe porquê? Diziam que ele se vestia com roupas usadas compradas em um brechó. Banguela, um dia ganhou um dinheirinho a mais com suas composições de samba-enredo e comprou roupas novas e uma dentadura postiça, que passou a exibir nos ensaios da escola, rindo à toa. Dizem que a dentadura teria comprado de um dentista, que as produzia em série e vendia como os camelôs vendem “óculos de grau”. O cara experimenta e, se servir, compra: Dentadura de brechó! Aliás, o artigo não é novidade, pois o Miguel Perini, de saudosa memória já brincava dizendo: - Conheci um vendedor ambulante que vendia dentaduras e muletas usadas, apregoando em voz alta: Comprem, comprem, a dentadura é mansa de boca e a muleta é mansa de subaco ! Outro dia um canal de televisão relatou a irmã brigando com a cunhada, na disputa pela dentadura do falecido - é só isso que faltava ... Em tempo: Lendo A Folha de hoje, no Painel do Leitor, escreve a Natália de Ribeirão Preto: Acabei de me formar em Letras pela USP e tive a experiência de vivenciar o cotidiano de professor de escola pública em São Paulo e concluí que a última coisa que desejo “nesta vida”, é ser professora.
Os salários são péssimos, as salas superlotadas, os alunos são agressivos e não há suporte algum aos professores, mesmo porque faltam funcionários de limpeza, inspetores de alunos, etc.. (aqui faço um adendo : fui professor e diretor de escola em São Paulo, supervisor em várias escolas e e posso falar com autoridade o que é ser professor a noite em escolas da periferia da capital (e nós aposentados que lutamos a vida toda pela educação dos paulistas que hoje votam, como ficamos Senhor Governador, sem aumento salarial há muitos anos? Também votamos, nossos filhos, nossos netos, nossos ex-alunos também votam.
O artigo publicado na Folha continua : O Estado conseguiu matar até o sentimento que movia os professores de antigamente a lecionar: “o amor à docência”. E finaliza - meus respeitos pelos heróis que ainda resistem. E por hoje é só .
Bom dia. Professor Dijalma.