Suspeitos foram levados sob escolta para a Penitenciária Dr. Paulo Luciano de Campos.
Os quatro detentos acusados de matar os presos Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê, foram transferidos sob escolta na manhã desta quarta-feira (26) para a Penitenciária Doutor Paulo Luciano de Campos, a P1, em Avaré (SP). Os envolvidos estavam na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira, a P2, em Presidente Venceslau (SP), onde os assassinatos aconteceram. A remoção foi confirmada ao g1 pela Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo (SAP-SP).
Os suspeitos Elidan Silva Ceu, Jaime Paulino de Oliveira, Luís Fernando Baron Versalli e Ronaldo Arquimedes Marinho estavam presos em flagrante desde o dia 17 de junho, data em que Nefo e Rê foram mortos.
Eles foram indiciados por homicídios duplamente qualificados “pelo motivo torpe e pelo emprego de recurso que dificultou a defesa dos ofendidos”.
Nefo e Rê, ambos de 48 anos, foram encontrados mortos com perfurações pelo corpo e cortes no pescoço. Um canivete e um punhal artesanal utilizados durante os crimes foram apreendidos no local pela Polícia Civil.
Os dois haviam sido presos em março de 2023, durante a Operação Sequaz, que investigou o plano elaborado pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) contra agentes públicos, como o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e outras autoridades de segurança pública no Brasil.
Prevenção
Como procedimento de investigação, foi aberta uma sindicância para investigar o caso. Os detentos acusados de cometer os crimes foram ouvidos na presença dos advogados e ficaram em isolamento por dez dias após a data dos assassinatos.
Após o período, eles deveriam voltar para o pavilhão de origem, mas, por questão de segurança, foi solicitada a transferência dos detentos para a P1 de Avaré, que fica a 400km de distância de Presidente Venceslau.
No local, eles ficarão em celas individuais até a finalização do processo de sindicância. Caso a Justiça acate o pedido da Secretaria da Administração Penitenciária para remoção dos suspeitos ao Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), eles deverão ser transferidos para o Centro de Readaptação Penitenciária (CRP), em Presidente Bernardes (SP).
Câmeras registraram os crimes
O primeiro vídeo de uma câmera que filmava a porta do banheiro mostra a movimentação dos detentos Jaime Paulino de Oliveira, Luís Fernando Baron Versalli, Ronaldo Arquimedes Marinho e Elidan Silva Ceu, além da vítima Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê.
Todos entram no sanitário do pátio do Pavilhão I, que é usado pelos presos como uma barbearia. Depois de um tempo, Jaime, Luís, Ronaldo e Elidan deixam o ambiente, exceto Rê.
O segundo vídeo da câmera de monitoramento que filma o pátio do pavilhão onde os detentos permanecem durante o banho de sol mostra Jaime, Luís e Ronaldo perseguindo e atacando Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo.
Durante a ação, Elidan permanece próximo a uma ala conhecida como “gaiola”, que é um local por onde os presos passam antes de sair do pavilhão das celas.
De acordo com a descrição do Boletim de Ocorrência, essa posição de Elidan era para evitar que Nefo alcançasse a saída e sobrevivesse, caso conseguisse se desvencilhar dos outros três.
Short, canivete e punhal apreendidos
A Polícia Civil identificou os presos suspeitos de envolvimento nas mortes de Nefo e Re. São eles:
Elidan Silva Ceu, vulgo Alemão e Talibam, de 45 anos;
Jaime Paulino de Oliveira, vulgo Japonês, de 47 anos;
Luis Fernando Baron Versalli, vulgo Teo, VV, Barão e Barom, de 53 anos; e
Ronaldo Arquimedes Marinho, vulgo Saponga, de 53 anos.
Após o crime, o delegado de Polícia Civil responsável pelo caso, Marcelo Magalhães, e a equipe de investigação compareceram ao local dos fatos. Na Penitenciária 2, os policiais encontraram e apreenderam dois instrumentos utilizados nos crimes, sendo um canivete e um punhal, ambos de produção artesanal.
Segundo o Boletim de Ocorrência, um short roxo também foi apreendido, pois Saponga o vestia durante as execuções. Os outros itens foram entregues por Japonês aos policiais penais logo em seguida.
A mando do PCC
À reportagem do g1, o promotor de Justiça Lincoln Gakiya disse acreditar que os detentos foram executados a mando da cúpula do PCC.
O integrante do Gaeco afirmou que na P2 “não acontece nenhum crime que não tenha sido determinado ou permitido pelo PCC”.
“Eu tenho dito na verdade que os indícios indicam que houve uma ordem, uma determinação da cúpula. Porque eles [Nefo e Rê] eram integrantes do PCC e eram integrantes importantes. O Reginaldo, o Rê, era um dos líderes de rua do PCC em São Paulo, e o Janeferson, o Nefo, era o responsável pelo setor que eles chamam de ‘Restrita’, que é um setor que existe para cometer atentados e resgates”, disse Lincoln Gakiya.
A ordem dos assassinatos teria chegado por meio de visitas aos detentos, visto que não havia suspeitas anteriores.
Por Bruna Bonfim, Paula Sieplin, Vivian Padovan, g1 Presidente Prudente e TV Fronteira