Acidente aconteceu em 2021, em Piraju (SP), enquanto Ana Clara Silveira Andrade estava sob a supervisão de uma cuidadora.
Depois de quase dois anos de investigação, a Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte da bebê de dois anos que ficou com diversas sequelas após se afogar em um balde com água em Piraju, no interior de São Paulo.
O relatório, divulgado na terça-feira (14) pela Polícia Civil, indiciou a cuidadora de Ana Clara Ramos de Andrade por homicídio culposo e pelo funcionamento clandestino de uma creche, que não possuía alvará de funcionamento.
Segundo o delegado responsável, Adriano Leite de Assis, o acidente aconteceu após um momento de distração de Patrícia Helena Maluf Teixeira, que deixou a bebê em um dos cômodos do estabelecimento ilegal para preparar a mamadeira de outra criança. No dia, ao menos cinco menores estavam no local.
"Após esquentar a mamadeira, a cuidadora viu que Ana Clara não estava na copa, então, começou a procurá-la. Posteriormente, viu que ela estava dentro do balde, perto do tanque, com o rosto submerso e os pés para cima. Imediatamente, a pegou no colo, ela estava irresponsiva. Começou a aspirar suas vias aéreas, gritando a seu marido para que abrisse a porta, pois Ana Clara havia se afogado", apontou o delegado.
À época, com apenas 11 meses, Ana Clara chegou a ser socorrida e levada ao pronto-socorro da cidade com um quadro de parada cardiorrespiratória, mas foi reanimada e transferida ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (SP).
Durante a internação, a menina foi submetida a cirurgias, passou a se alimentar por uma sonda e ficou com sequelas irreversíveis. Apesar do constante acompanhamento médico, no dia 17 de novembro de 2022, a menina não resistiu às sequelas do acidente e morreu.
O laudo necroscópico apontou que a morte da menina foi ocasionada pela lesão corporal, resultante do afogamento, que deixou diversas sequelas de encefalopatia isquêmica.
Ainda segundo o delegado, o inquérito foi encaminhado ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), que dará andamento ao processo. Enquanto isto, Patrícia Helena Maluf Teixeira aguardará em liberdade.
O g1 tenta contato com a defesa da indiciada.
Relembre o caso
Ana Clara se afogou no dia 29 de junho de 2021 enquanto estava sob os cuidados de Patrícia Helena Maluf Teixeira. No local, funcionava uma creche clandestina e havia mais quatro crianças.
O pai do bebê contou que, por um descuido, a cuidadora saiu para alimentar outra criança, e Ana Clara caiu dentro de um balde com água. Ela foi socorrida, mas chegou ao pronto-socorro da cidade com um quadro de parada cardiorrespiratória.
O médico que atendeu Ana Clara em Piraju disse ao g1 que ela ficou desacordada por cerca de 15 minutos, até ser reanimada. Depois, a menina foi transferida ao HC de Botucatu, onde ficou por quase um mês na UTI.
Durante o período de internação, Ana Clara teve que fazer uma traqueostomia para respirar e uma gastrostomia para se alimentar por meio de uma sonda. Os movimentos foram perdidos e, segundo os médicos informaram aos pais, as sequelas seriam por toda a vida.
Com a menina em casa, os pais passaram a arrecadar doações para comprar remédios, fraldas e leite para alimentação enteral.
Culpados
Inicialmente, a família de Ana Clara informou que não pretendia tomar medidas jurídicas em relação à babá. Apesar disso, eles explicaram que pediram ajuda para a mulher com os custos do tratamento da menina, mas não tiveram retorno.
Com isso, quase três meses após o acidente, a família decidiu registrar um boletim de ocorrência para investigar o caso.
Na época, o pai de Ana Clara explicou que queria saber se houve problemas no socorro da filha, seja por parte da babá, que estava com ela na hora do acidente, ou dos profissionais que fizeram os primeiros atendimentos.
Informações: g1 Itapetininga e Região