No mesmo dia em que velou o amigo Dr. Miderson, Alckmin ajudou no parto de um bebê
O ex-governador e pré-candidato ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, saiu cedo de São Paulo na quarta-feira, 17 de novembro, para o velório do amigo, o ex-prefeito de Taquarituba, Dr. Miderson Zanello Milléo, aos 65 anos, vítima de doença neurodegenerativa.
Ele acompanhou a despedida do amigo que fez na política e como ele era colega de profissão (ambos médicos).
Alckmin, quatro anos mais velho, foi vereador e prefeito em Pindamonhangaba, do outro lado do mapa paulista. E “Doutor Miderson” se tornou uma lenda no PSDB da bacia do Paranapanema. Por quatro vezes elegeu-se prefeito de Taquarituba.
Alckmin passou década e meia no Palácio dos Bandeirantes, como vice-governador, depois interino na doença de Mário Covas e, na sequência, governador em dois mandatos alternados. Foi o mais longevo no comando do governo paulista, desde a redemocratização, com uma rotina de visitas constantes a municípios.
Em Taquarituba tinha alguém para falar mais sobre medicina do que de política. Eram o anestesista Alckmin e o obstetra Miderson dividindo histórias da rotina de nascimento, vida e morte em hospitais.
À tarde Alckmin estava de volta à estrada, rumo a São Paulo. Resolveu parar em Itaberá, 50 quilômetros adiante, na direção de Sorocaba, para encontrar o prefeito Alex Lacerda, 48 anos, também do PSDB.
Surpreso com a visita de Alckmin, o prefeito de Itaberá sugeriu um café ao candidato. Recebeu a contraproposta de uma visita ao Hospital Municipal São José.
Fluía a conversa do candidato com o prefeito, diretores e médicos, quando surgiu uma emergência — grávida em situação crítica desembarcando do táxi.
Seguiram todos para a atendimento, menos o prefeito Lacerda que não é médico. Alckmin se meteu em uniforme verde, gorro na cabeça e sapatilhas plásticas cobrindo os sapatos. Por uma hora ajudou as médicas Gisele e Fabiana no parto de João Mateo, filho da paciente Ludmila e do ansioso pai Roberto. Ao anoitecer, voltou à capital paulista.
Morte e vida no mesmo dia — incomum na rotina de um anestesista, inimaginável num roteiro de candidato ao governo de São Paulo.
(Texto de José Casado ao site Veja)